Noite das Caçoilas no Sabugueiro

Este sábado suba até à aldeia mais alta de Portugal e entre num mundo onde a tradição gastronómica se veste de encanto e nos remete a um local onde o tempo parou.

Sabugueiro é terra de pastores, de gente rija e resiliente, como só poderia ser face aos rigores que a natureza aqui imprime. gente com tradição como as Caçoilas!

No sábado tem lugar a Noite das Caçoilas, um evento que começa pela manhã com as mãos experientes das mulheres da aldeia que vão amassando o pão e depois o colocam no forno comunitário, até porque é esse o espírito que se vive neste dia, a sensação de comunidade, partilha de sabores e de saberes.

Na sua essência, a Noite das Caçoilas reflete o ritual que as pessoas da aldeia repetem em dias de festa e que está assente na preparação das carnes de cabrito, chanfana ou borrego, temperada em caçoilas de barro e assadas no forno comunitário. Este é um trabalho moroso, que exige paciência e sabedoria e que com estes eventos, passa de geração em geração para que o sabor não se perca pela memória das gentes.

O pão é preparado pela manhã, um pão de centeio de sabor único, como o é o restante pão que se faz por esta Serra. À tarde começam a chegar as caçoilas de carne que são, igualmente, confecionadas no forno comunitário.

Os comensais podem deliciar-se com estes petiscos a partir do final da tarde, numa partilha de sabores e tradição, mantendo vivos os laços que unem estas gentes que vivem no Sabugueiro.

Pantanha, o Hotel que nos revela o Dão

Aquele sitio das Termas é idílico, recolhido e formoso.Muito aconchegado onde corre o Mondego, sem pressa, de mansinho, descendo lá do alto, das Penhas Douradas, cortando, como que a canivete, penhascos duros de granito, traçando o seu caminho e o seu destino entre meandros cobertos de vegetação luxuriante.

Foi nesta paisagem que encontrei o Hotel Pantanha que associa harmoniosamente o conforto moderno ao charme do passado. Caldas da Felgueira situa-se no extenso planalto beirão da região Demarcada do Vinho do Dão e fronteira à Serra da Estrela.

 

“Imaginei as noites de Inverno aconchegados no Bar com um copo de vinho junto à lareira ou então a bebericar o chá das 5 acompanhado de biscoitos caseiros, pão de ló (a receita antiga da avó da dona do Hotel) requeijão e outros doces de perder a cabeça.” 

 

Tive direito a visita guiada pelo Hotel na companhia de quem o conhece melhor.

Os apartamentos e suites são espaçosos, distintamente decorados e com todas as comodidades que o mundo moderno exige.

Cada apartamento tem o seu pormenor de decoração, oferecendo um ambiente único de calma e requinte.

Há sempre um miminho para os hóspedes que nos surpreendem e que vão desde flores a bombons.

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E aquela pequenez das Caldas da Felgueira, encerra, no entanto, um “mundo” pitoresco afigurando-se como um admirável recanto de paz.

Dormimos calmamente.

Na Manhã seguinte depois do pequeno almoço, recheado de produtos magníficos como o requeijão, queijo fresco, pão centeio e fruta, servido no quarto, fomos fazer uma caminhada até ao Rio Mondego que fica a 500 metros,  uma área privada de 3 hectares a Quinta da Bugueira e visitamos o  pónei Rouxinol, o animal de estimação do Hotel Pantanha.

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Verdade seja que a beleza mora por estas terras e estar na Felgueira é mesmo satisfazer anseios de libertação do espírito até porque todo aquele ambiente acolhedor é sedativo, carinhoso e saudável.

Aqui encontramos saúde para o corpo e para a alma.

Este é um local onde podemos desfrutar de momentos repousantes.

O Hotel da Pantanha possui vários programas de animação que vão passam por passeios turísticos, visitas a queijarias( 4 kilometros e ver fazer o queijo), visitas a Museus, circuitos pré-Históricos, aldeias históricas, Btt, caminhadas, desportos náuticos, animação infantil, jogos tradicionais, e em setembro podemos mesmo ir fazer a vindima ou provar vinhos nas adegas parceiras do Hotel.

À tarde pedimos ao Hotel uma bela cesta de piquenique com produtos seleccionados, desde sandes de presunto e queijo da serra, garrafa de vinho, sumo laranja, limonada e canapés variados.

Fomos passear e apreciar o que de melhor a natureza tem para nos oferecer.

Ao final do dia, que se tornou mais fresco, tivemos a oportunidade de apreciar um bom vinho do Dão junto à lareira.O crepitar o seu fogo embala o corpo e o espirito invadindo-nos uma sensação de conforto e paz que nos faz querer voltar mais vezes.

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O Hotel Pantanha localiza-se a 50 metros da Estância Balnear Caldas da Felgueira, tem um elevador com acesso ás Termas e o Spa.

Ótimo para passar uns dias com a família, seja em que altura for, no inverno pela beleza e proximidade com a Serra e no Verão pode sempre fazer uso da piscina do Hotel e apanhar uns banhos de sol maravilhosos!

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Nas Caldas da Felgueira há sempre algo de novo ou de diferente a descobrir. É sempre a natureza que prende e enfeitiça quem por ali passa a acaba por voltar deixando correr os passos por aqueles caminhos onde a solidão se revela a melhor das companhias.

Conheça este Hotel em www.hotelpantanha.com e não deixe de o visitar!

 

Laura Loureiro

 

Manteigas e Trancoso celebram Outono!

O outono esta aí em plena força e um pouco por toda região há várias festas e festivais dedicados aos sabores e cheiros da estação.

Em Manteigas, em pleno coração da Serra da Estrela promete-se uma grande festa nos dias 6, 7 e 8, com a gastronomia e a música em primeiro plano.

Estão já confirmados showcookings com o Chef Valdir Lubave na sexta feira a demonstrar como a Truta pode ser a rainha da festa e com o Chef Chakall no sábado que nos vai ensinar a cozinhar com alguns dos ingredientes típicos da região de forma inovadora e simples.

 

festival outono cartaz

A música também vai estar presente com os The Black Mamba a animarem a Praça Municipal no sábado a partir das 22h30.

Neste Festival de Outono não vão faltar a Truta de Manteigas, a Feijoca de Manteigas, o cabrito serrano ou o burel! A Entrada é livre e a animação é sem limites!

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Mais a norte do distrito da Guarda o Outono também é o mote para uma grande festa com a Feira da Castanha e Paladares de Outono a ter lugar em Trancoso durante este fim de semana. Nesta festa a rainha é a castanha e não vão faltar motivos para visitar Trancoso e celebrar este fruto e os paladares outonais, como Showcookings com os Chef António Maurittu, Lúcia Fonseca e a Food Blogger Marta Dionísio , conferencias, ou os concursos de Doçaria da Castanha – compotas e geleias, ou o dedicado a Bolos e doces de colher, ou ainda aquele que vai escolher a Melhor Castanha de Trancoso deste ano. Vai falar-se de cogumelos e andar à procura deles nas Jornadas micológicas.

Muitos são os motivos para visitar Trancoso neste fim-de-semana, com a garantia de bons sabores e muita animação musical com os Átoa e Augusto Canário & Amigos. A Feira da Castanha e Paladares de Outono decorre no Pavilhão Multiusos de Trancoso!

Deus escreve certo por estradas tortas

Para muitos conduzir é uma obrigação. Algo que tem de ser feito para que possamos ir do ponto A ao ponto B. Para outros conduzir é um prazer.

Uma fonte de adrenalina onde máquina e homem são apenas um e a estrada é o seu mundo, um universo só deles de onde retiram uma experiência única e viciante. Para estas pessoas conduzir também é ir do ponto A ao B, mas pulando para o D, atravessando o P, recuando ao L e zigzagueando pelo w. As estradas são palcos perfeitos emoldurados por paisagens que complementam as sensações.

Conduzir na região é uma experiência única e quem conhece os caminhos volta, muitas vezes, só pelo prazer de por eles voltar a conduzir.

Abrimos hoje uma rubrica na HeartBeat: As melhores estradas para fazer o gosto às rodas e ao volante na região, escritas por quem adora conduzir.

 

I – O carrocel

Que estrada? N 232 – Manteigas – Gouveia.

Porquê? – Condução desportiva

 

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Na vida é frequente enveredarmos por caminhos errados. E no final aprendemos por vezes que esse era o caminho certo. Pronto, depois da apreciação New Age digna de figurar naqueles quadros com um céu nublado que aparecem no Facebook, vamos à história. Fui obrigado, enquanto me dirigia à Torre, na Serra da Estrela, a escolher uma estrada que não previa. A bela estrada entre Manteigas e a Torre pelo Vale Glaciar estava em obras sendo que a alternativa seria a N232 por Gouveia.

Lá fui, contrariado.

“O dia estava chuvoso. As nuvens passeavam pelo meio da montanha e a subida que se avizinhava parecia aborrecida. Mas afinal aquele era o caminho certo.”

 

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As primeiras curvas daquela serpente de alcatrão revelaram-se logo uma surpresa. São sinuosas, encadeadas e, com o piso molhado, alegremente escorregadias.

“Wow, o que é isto? Como é que eu nunca guiei aqui?”

Começo a subir a montanha mais depressa mas como a estrada é estreita e muito lenta não se chegam a infringir as regras. Não é preciso, para tirar prazer da condução.

 

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O carro torce-se a cada curva, é preciso cortar o centro mas, outra constatação agradável, a visibilidade é excelente e consegue-se ver o trânsito em sentido contrário ao longe. Um trânsito diminuto, diga-se. Festa de sensações dentro do carro, parece que estamos numa especial de rally, numa sucessão de viragens fechadas em que bater no vértice da curva é imperioso para não se perder a frente do carro. E quando acontece, um toque ao travão de mão e a traseira corrige. Como fazem os grandes.

“Uns quilómetros à frente esta maravilha acaba. Respiro fundo, e penso “Aqui está uma classificativa que não conheces, Sebastien Loeb”.”

A ajudar, a paisagem é deslumbrante com arvoredo de grande porte a criar a pintura perfeita. Mais curvas, há um hotel e umas barracas de vendas de produtos da Serra.Lamento, não há tempo, quero devorar esta estrada. Passo por entre as nuvens, mas não abrando, é demasiada adrenalina. Uns quilómetros à frente esta maravilha acaba. Respiro fundo, e penso “Aqui está uma classificativa que não conheces, Sebastien Loeb”.

Deus escreve direito por estradas tortas.

Handerson Aguiar Engracio

Aqui está um BTT que não é para todos!

Sabemos que a prática desportiva em montanha é desafiadora.

A região da Serra da Estrela é ótima para os praticantes de desporto, seja ele corrida, parapente ou BTT e os percursos são aliciantes, exemplo disso é a Invernal BTT – Cidade da Guarda que vê, este ano, a sua 12ª edição decorrer no último domingo de novembro.

E questionam-se vocês: mas porque se chama invernal se ocorre em pleno outono? Não se preocupem com pormenores, na Guarda o outono parece inverno, por isso a experiência pode ser sentida no outono, até porque, como se diz pela cidade mais alta, “aqui só há 3 estações: o inverno, o verão e a estação de caminhos de ferro”! E em 11 edições os participantes já tiveram a oportunidade de competir debaixo de chuva, com frio, neve e até sol.

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A Invernal de BTT – Cidade da Guarda é uma organização conjunta entre o Clube de Montanhismo da Guarda e a Câmara Municipal, contando, este ano, com o apadrinhamento de um jovem atleta da cidade, David Rodrigues, da equipa Rádio Popular – Boavista, tendo já vencido esta competição ainda em tenra idade.

A prova é aberta a participantes de ambos os sexos que devem assumir a responsabilidade da sua participação em termos físicos e de saúde.

A prova está aberta a menores de idade que se devem fazer acompanhar de um Termo de Responsabilidade devidamente preenchido e assinado pelo Encarregado de Educação.

As inscrições estão limitadas a 400 participantes e podem ser feitas através do site do Clube de Montanhismo e na loja Garbike na Guarda, até dia 22 de novembro.

A prova arranca no Estádio Municipal da Guarda, pelas 9h00 do dia 29 de novembro e estão disponíveis dois percursos, um para meia-maratona com cerca de 40km e outro para a maratona e que tem cerca de 70km.

A Invernal de BTT – Cidade da Guarda, disputa-se em sistema de “Open Road”, ou seja, decorre em caminhos rurais, trilhos e estradas secundarias, sendo obrigatório que os participantes cumpram as regras do código de estrada.

A prova está marcada com placas e fitas sinalizadoras e existirão diversos postos de controlo ao longo do percurso, sem que os atletas saibam onde estão. Assim sendo, só serão classificados os atletas que passem por todos os controlos, incluindo o da partida.

Para aqueles que acompanham os atletas e não pratiquem BTT mas que até apreciam a prática desportiva, existirá uma caminhada.

Esta é considerada a maratona mais fria do país, uma prova que testa alguns limites e que, por isso, é tão aliciante. Há vários fatores que contribuem para que esta seja uma prova só para os mais resistentes, seja pelo frio, as condições atmosféricas que, normalmente, são imprevisíveis, seja pela possibilidade de existência de neve, gelo ou nevoeiro, ou pelo percurso em montanha bastante desafiador, ou ainda, por se tratar de uma prova em altitude, pela exigência física da mesma.

É pelas suas características que esta é uma das provas mais conhecidas a nível nacional para os amantes deste desporto. Atreve-se?

Bate leve, levemente, como quem chama por mim

Bate leve, levemente, como quem chama por mim.

Alva e flutuante, tão leve, quase etérea. Desfaz-se nos dedos, desmaiando. Enche a paisagem de uma magia que nos faz felizes. E por momentos, quando a podemos apreciar, sentimo-nos agradecidos por poder ter o privilégio de a vislumbrar. Cobre a paisagem de um branco tão puro tornando-a absolutamente majestosa. É neve. É pura.

A natureza é caprichosa mas generosa. São estes espetáculos que ela proporciona que nos fazem apreciar o mundo e o facto de sermos capazes de a valorizar. Abrir a janela para uma paisagem branca é uma sensação maravilhosa!

Hoje caíram os primeiros flocos de neve na Serra da Estrela! Anuncia o tempo frio e, ao contrário do que acontece noutros locais, aqui na Serra o Inverno não é pronuncio de descanso, é nesta altura do ano em que a Serra ganha vida e atrai o resto do mundo, apresentando-se no seu mais belo e branco vestido de gala!

Aos que no sopé da Serra apenas sentem o seu gelado respirar, resta-nos esperar que o frio se torne mais intenso e nos dê o prazer de a ver cair e pintar as nossas paisagens de branco!

Mal podemos esperar! E se há momentos em que nos questionamos acerca do porquê de aqui viver, é quando neva que percebemos que é porque este pedaço de terra no mundo é capaz de nos surpreender a cada estação!

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Anunciam os senhores do tempo que será por apenas uns dias. Aproveitemos, e se conseguirem subir até à Torre, matem saudades por nós e tirem muitas fotografias!!

 

Fotografia: Manuel Ferreira

O Borrego é Rei na Carrapichana

Somos apaixonados pela nossa gastronomia e não poderia ser de outra maneira, já que vivemos numa região onde os produtos ganham outro sabor e onde a generosidade da natureza torna os nossos alimentos mais ricos e generosos.

Há que celebrar a nossa gastronomia e não apenas no queijo! Na Carrapichana, localidade de Celorico da Beira, nos dias 24 e 25 de outubro o Borrego é rei e as gentes os seus mais fieis súbditos que aguardam por este fim-de-semana dedicado a esta iguaria, ansiosos por fincar o dente nos mais diversos pratos inspirados nesta carne doce e tenra.

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O Borrego é motivo de festa rija na Carrapichana, seja no prato ou por cozinhar!

O programa está recheado de momentos com destaque para o Seminário do produtor/agricultor no sábado, o II Todo-o-Terreno Lusco Fusco, um Live Cooking proporcionado por “temperos.com” e ainda um concerto com os Red Mustang.

No domingo os destaques vão para a caminhada “Trilhos do Borrego”, Concurso Rebanho mais bem enfeitado e o concerto do Quim Barreiros às 16h30.

Mas há muito que ver, fazer e provar nesta que é já a nona edição do Festival do Borrego, como animação ambulante, Feira de Artesanato e Produtos Regionais, Música Tradicional e Folclore.

Nos próximos dias 24 e 25 de outubro, prepare o apetite e venha deliciar-se no festival do Borrego promovido pela Confraria do Borrego na Carrapichana em Celorico da Beira.

A serra pelo Olhar do Manuel

“Boa tarde Manuel! Continuamos muito interessados em fazer um artigo acerca do teu trabalho! Fico a aguardar!”. “Olá. Obrigado. Já comecei, mas nem sempre tenho paciência para escrever, sou mais de imagens…”.

Quando, em junho, vagueava pelo facebook num daqueles passeios comuns, que na maioria das vezes nos leva a lugar algum, encontrei uma fotografia, partilhada por alguém, já não me lembro quem. A fotografia prendeu-me o olhar, não apenas pelo que retratava (uma paisagem da Serra da Estrela), mas como a retratava. Ia para além da simples captação de uma paisagem. A luz, o enquadramento, mas principalmente, o que me fazia sentir, foi inspirador. Virei o ecrã e mostrei à minha colega que, tal como eu, ficou uns segundos a olhar para aquela imagem e deixou sair um “uau”.

Procurei mais trabalhos do Manuel Ferreira, até que encontrei a página do facebook dele, com um leque de imagens semelhantes àquela que me tinha levado ali.

Todas elas me contavam uma história diferente.

Todas elas me davam vontade de as escrever.

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Não foi difícil chegar à conversa com o Manuel Ferreira que, prontamente, nos cedeu algumas fotografias para ilustrarmos a região de Folgosinho, aldeia que lhe é muito querida também. Mas nós queríamos mais que fotografias, queríamos conhecer o olhar que as captou. Lá conseguimos convencer este homem, que escreve com imagens a confessar-nos, com palavras, qual era o segredo por trás da magia que conseguimos sentir nas suas fotos.

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É um homem de imagens com paixão pela natureza.

Licenciado em Geografia, viu o seu amor pela fotografia crescer aquando da necessidade de fazer alguns registos paisagísticos naturais. Foi nesse contexto que comprou a primeira máquina fotográfica, uma Mustek de 4 Megapixels, companhia nas saídas de campo de algumas cadeiras do curso.

Para realizar a tese de final de curso, onde fez o levantamento fotográfico e georeferenciação, cartografando digitalmente vários percursos pedestres, TT e BTT do concelho de Gouveia, compra uma Konica Minolta (Bridge) e a paixão cimenta os seus alicerces, mas manteve-se tranquila, reacendendo a sua chama quando Manuel se torna o fotografo de serviço da passagem de ano 2012-2013.

É a partir desta altura que a fotografia se assume como parte integrante da sua forma de estar na vida.

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Manuel Ferreira define-se como uma pessoa observadora, atenta ao meio envolvente e a fotografia é a melhor forma de se expressar.

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A Serra da Estrela sempre fez parte da vida deste fotografo e as suas ligações ao meio fazem com que Serra seja um elemento inspirador que tem alimentado e consolidado o seu interesse pela arte de fazer fotografia, e não há uma estação do ano, um dia ou mesmo uma hora que ele considere única para fotografar.

Todas os momentos são especiais na Serra.

“Há sempre algo para descobrir, para explorar, para captar”.

Confessa, no entanto, que o facto de estudar a natureza e a sua relação com a mesma lhe permitiu conhecer as suas dinâmicas, belezas e os seus sinais.

“A luz define e molda a paisagem, por isso a hora dourada, o nascer e o pôr do sol são, para mim, as horas do dia de eleição. O amanhecer, pelos tons ainda frios e a vista privilegiada que temos das Penhas Douradas sobre a meseta ibérica e pôr do sol pelo vasto horizonte (Lousã, Caramulo, Luso) e pelas cores quentes, do ano. Como é óbvio a neve na serra cria um certo êxtase e ânsia de fazer fotografias diferentes de todas as outras serras de Portugal, mas adoro o Outono pelas cores e tons, a primavera pela vida que acorda depois do Inverno e o Verão pelo dinamismo que ganham certas zonas, como praias fluviais. Resumindo, sempre diferente, sempre interessante, sempre motivado por fazer diferente dos outros olhares e mostrar o que esta Serra tem de melhor”.

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Apesar de ser um apaixonado pela Serra e pela fotografia, Manuel não é um daqueles aficionados que anda sempre com o equipamento à mão, não vá surgir o momento perfeito para uma fotografia, utilizando o telemóvel para o que chama de “registos de ocasião”.

Costuma sair com o propósito de fotografar, idealizando um cenário para a fotografia perfeita o que, segundo o mesmo, raramente acontece, acabando por transformar a sua visão numa tela em branco à espera de ser pintada, variando sempre com o estado do clima que, “como sabemos a estas altitudes está em constante mudança”.

Fotografar, para o Manuel, começa por ser um ato racional que rapidamente se transforma numa ação emocional assim que pega na máquina acabando por fazer várias fotografias do mesmo lugar com enquadramentos diferentes e esperando por uma luz ou uma sombra melhores, sendo que não existe um local que lhe seja favorito para fotografar, todos têm uma essência diferente conforme a altura do dia ou do ano.

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A paixão de Manuel pela Serra está visível nas suas fotografais, é algo quase papável, mas neste momento o seu modelo de eleição não é uma paisagem e imana uma luz muito própria que apela ao coração do Manuel como nenhum outro modelo o poderá fazer, o seu filho de dois meses.

Registos diferentes com emoções diferentes.

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Quando vemos uma fotografia do Manuel é inevitável não ficarmos presos a ela, guardando alguns momentos para entrarmos na mesma.

Não é apenas uma paisagem, muito menos uma fotografia bonita.

É o captar de um momento, guardado na perfeição de uma imagem.

Seja pela luz, seja pelo movimento, seja pela carga emotiva que uma paisagem pode despertar em quem a vê. Dá-nos vontade de entrar nesse quadro e lá nos perdermos. Se é isso que o Manuel pretende que sintamos nas suas fotografias? Acredito que sim.

Manuel Ferreira é daquele tipo de fotógrafos que capta com intenção, tentando que fique impressa na imagem a emoção que o fez tirar a fotografia naquele momento, com determinado ângulo, luz ou sombra. Tal como um poeta, mostra em imagem o que um poeta transmite em palavras. Não o faz por fazer nem por mero senso estético.

A Serra tem paisagem belíssimas, não é difícil encontrar um cenário perfeito para uma fotografia bonita, mas difícil é captar o que esse cenário nos faz sentir, e é aí que reside a arte de Manuel.

“Tirar fotografias é fácil, FAZER  fotografia requer algumas técnicas, respeitar algumas regras… cada um é livre de mostrar o seu olhar e de se expressar, mas como num texto, a maior parte das pessoas sabe escrever, mas será que toda a gente escreve bem?! Toda a gente interpreta da mesma maneira?! Não, na fotografia é a mesma situação, temos de fazer com que o público veja aquilo que queremos mostrar numa imagem só e para isso é necessário ter noção do ângulo fotográfico, da profundidade de campo e das demais variantes fotográficas, para que todos que a vejam, percebam o enquadramento e mais facilmente a interiorizem e apreciem”.

Mas mais que técnica é preciso ter emoção e é isso que captamos nos trabalhos deste fotografo.

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Há vários locais que Manuel Ferreira aconselha para captar boas fotografias como o Covão Dametade, Penhas Douradas, Bosque de São Lourenço, Vale Glaciar de Manteigas ou o Polo do Inferno. Apenas alguns dos locais desta vasta Serra.

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São fotografias que fascinam não apenas quem aqui vive.

Os seus trabalhos não nos fazem achar que é apenas uma fotografia bonita, é uma imagem que nos faz deixar sair um “uau” e isso é, para mim, o mais importante.

 

Tânia Fernandes

Fotografia: Manuel Ferreira

 

 

Os cinco Castelos mais belos das Beiras

Já devem ter reparado que na Heartbeat temos uma enorme paixão pelas Beiras, seja pela comida, as suas gentes e paisagens, seja pelas suas terras e património histórico.

Por cá gostamos de histórias, de contar experiências e esperar, com isso, que a vossa curiosidade seja espicaçada ao máximo, ao ponto de reservarem nas vossas agendas um dia ou mais, para visitarem os quadros que vos pintamos com palavras.

Reunimos com o intuito de fazer uma lista com algumas das coisas que mais gostamos na região, mas o rol não parava e tivemos de separar por secções.

Tendo em conta que, por aqui, como disse, gostamos de história, decidimos fazer uma lista dos Castelos mais bonitos cá das Beiras. Não foi fácil a tarefa. Implicou alguma discussão, até porque cada um “puxa a brasa à sua sardinha”, mas no final da demanda lá conseguimos reunir um consenso e, embora com algumas birras pelo meio, fizemos uma pequena lista que contempla cinco Castelos que consideramos serem retirados de contos de fadas, lusitanos claro, os mais belos da região!

A lista para escolha é grande e, considerando que nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Viseu contabilizamos 31 edificações, dessas escolhemos 5.

Compreendemos que a nossa lista possa não reunir consenso entre os nossos leitores, o mesmo aconteceu por aqui, mas tivemos de tomar uma decisão e eis os 5 Castelos que, para a HeartBeat, são os mais belos da região:

 

Castelo de Belmonte

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Esta é a coroa de Belmonte, no distrito de Castelo Branco, um castelo medieval com ligações aos Descobrimentos portugueses e ao Brasil já que os seus alcaides pertenciam ao famoso navegador Pedro Álvares Cabral.

Trata-se de um castelo que possui vários estilos arquitectónicos, com traços românicos, góticos, manuelinos e setecentistas que demonstram as “aventuras” que viveu.

No alto dos seus 650 metros, este castelo vigia a vila e as terras circundantes, com vistas para a Serra da Estrela. Este Castelo está bastante bem conservado e é utilizado para vários eventos, tendo sido construído, no seu interior, um anfiteatro.

 

Castelo de Trancoso

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Do alto do seu planalto surge como um soldado protetor da nação.

Em Trancoso é rei e senhor. Lutou estoicamente ao lado dos cristãos contra os muçulmanos pela manutenção das fronteiras da nação. Aqui D. Dinis recebeu por esposa D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa.

Um castelo de estilos românico e gótico, os seus muros são reforçados por cinco torres. É um ponto de referencia turística nas Beiras. Aqui podemos ter uma ideia das batalhas que decorreram na região em tempos idos.

 

Castelo do Sabugal

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Este é um dos mais emblemáticos Castelos da região. Conhecido, também, como o Castelo das Cinco Quinas devido ao formato incomum da sua Torre de Menagem.

Domina a povoação e controlava a travessia do rio Côa.

Foi cárcere do poeta Brás Garcia de Mascarenha, célebre pelas suas aventuras.

Aquartelou as tropas inglesas que combateram napoleão. Sofreu as vicissitudes da história, mas hoje ergue-se imponente e é um dos ex-libris da região.

 

Castelo de Sortelha

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Numa pequena povoação onde a imaginação é convidada a fluir sem limites encontramos um Castelo que convida a sonhar.

No alto do seu monte vigia as terras que se estendem a seus pés, tão bem entrosado na paisagem e na arquitetura da aldeia que parece ter sido forjado pela própria natureza.

Aqui o mundo estende-se ao nosso olhar e as suas muralhas envolvem a aldeia num abraço protetor.

 

Castelo de Penedono

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Em Penedono, Distrito de Viseu, encontramos uma pérola medieval que parece saído de um conto de fadas.

Em posição dominante sobre a povoação, este pequeno castelo foi forte e residência senhorial.

Pequeno em estatura mas enorme na capacidade de nos fazer sonhar. A maior atração deste castelo são as vistas que proporcionam do alto dos seus 930 metros em relação ao nível do mar.

Seja qual for o Castelo que prefere, não deixe de o visitar de vez em quando. Leve a família e se tem filhos pequenos aproveite para viver pequenas aventuras recriando batalhas e salvando princesas!

 

Fotografias: Luis Morgado, Espirito viajante, pelaestradafora-maria,  Aldeias Históricas de Portugal.

O Padre libertino de Trancoso

Sabemos que estas são terras de histórias contadas de voz em voz, por tantas vozes que já não se sabe se algumas delas são verdade ou mito, aliás, a linha entre essas duas razões é ténue o que as torna, na minha opinião, ainda mais interessantes. A que vos vou contar agora fez-me rir deixando-me, igualmente apreensivo quanto ao resultado da mesma sendo, provavelmente, das mais hilariantes e inacreditáveis que se conta por estas terras. Aconteceu em Trancoso e envolveu um padre!

Conta a história que, ali para os lados de Trancoso, o pecado e a santidade andavam de mãos dadas numa altura em que a nação forjava a sua história e as pessoas andavam em carroças.

Trancoso era um centro importante por estas bandas, local onde se fazia a Feira Franca que por si só atraia muita gente à região. No entanto, consta que estas terras, apesar dos visitantes, não era muito apetecida pelos povos e, por isso, pouco habitada.

Sabemos que, antigamente, o Clero e seus representantes, eram lei, e com a lei ninguém se mete, muito menos com a de Deus. Nem sequer as pessoas se atreviam a questionar, não fosse um raio cair-lhes na cabeça, ou a mão do bispo.

Por cá, um dos representantes da Santa Madre Igreja era um homem de seu nome Francisco Costa, Padre Francisco Costa, Abade de Trancoso.Um homem da igreja que podia ter sido como qualquer outro padre, doutrinando a fé e encaminhando o seu rebanho pelos desígnios do Senhor.Pois consta que este Padre Francisco Costa gostava muito de doutrinar, mas não a palavra do Senhor, e o seu trabalho árduo não era orientado para o rebanho, bem, pelo menos não para todo o rebanho já que, ao que parece, os homens escaparam à libido deste homem que conseguiu uma prol de 275 filhos (outros dizem 299 filhos), de 54 mulheres!

E é que não havia “rabo de saia” que escapasse às suas “orações”, incluindo irmãs, uma tia e a própria mãe.

Um escândalo tal que, para além da excomunhão este homem mereceria arder no recôndito dos infernos para gáudio do Belzebu em pessoa, ou em espírito.

Aos 62 anos, o prior de Trancoso, vê os seus atos travados e julgados, tendo sido condenado a ser degredado (e esta parte da história é real já que os documentos podem ser encontrados na Torre do Tombo) de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, numa morte que deveria ter servido de exemplo tamanha fora a sua ofensa a deus e aos homens.

Acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos, de cinco irmãs teve dezoito filhas, de nove comadres teve trinta e oito filhos e dezoito filhas, de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas, de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas.

Dormiu com uma tia, Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos.

Um total de duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino.

Esta é uma história capaz de fazer corar as pedras da calçada.

Um escândalo para a época, ou para qualquer época diga-se. Seria de supor que perante tamanha desfaçatez, vergonha e libertinagem, a sentença fosse aplicada o quanto antes.

Pois não foi.

Estávamos nos finais do século XV, numa terra nos recônditos da nação governada por El Rei D. João II, o “Príncipe Perfeito”, cognome atribuído pela forma como exerceu o poder, e digamos que para Francisco Costa, este Rei caiu-lhe na perfeição já que pelas mãos dele viu a sua sentença ser anulada.

E aqui pensamos: “ora o Rei era chamado de Príncipe Perfeito pela forma como governava, foi piedoso e não quis que o homem morresse, numa espécie de pensamento modernista abolidor de mortes por tortura e em asta pública”, pois não foi bem esse o motivo. A razão que levou El Rei D. Joao II a “perdoar” os vis atos do Padre foi mais sui generis.

Francisco Costa, Abade de Trancoso, foi perdoado e mandado em liberdade aos dezassete dias do mês de março de 1487, com o fundamento de, vejam só, ajudar a povoar esta região da Beira Alta, tão despovoada no tempo. Este infame homem saiu em liberdade e tornou-se numa espécie de herói local, é só visitar Trancoso e contar-vos-ão esta história.

Se ele voltou às rezas ou se estes são factos reais, isso não sei, mas tenho para mim que, a ser real esta história, a contagem de filhos feitos em tudo o que mexia não se ficou pelos 275 ou 299!