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Bartleby pelo CalaFrio

O Teatro do CalaFrio está de volta à cena com uma nova peça que promete surpreender – Bartleby – uma adaptação de Pedro Dias de Almeida, do texto “Bartleby, o Escrivão, uma História de Wall Street” de Herman Melville. Estreia já no próximo dia 17 com sessões no dia 18 e 19 de dezembro.

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Não deixa de ser irónico que Bartleby, personagem criada por Herman Melville em 1853, tenha alimentado tantos textos e reflexões de grandes pensadores até aos dias de hoje.

Este herói da inacção – ou, decididamente, um exemplo radical de anti-herói – que a tudo responde com a frase «preferia não o fazer» («I would prefer not to») sem nunca abandonar uma profunda indiferença e impassibilidade perante o que o rodeia foi intrigando e encantando geração após geração e chega aos labirintos do século XXI com perfeita actualidade, obrigando-nos a questionar as bases de uma modernidade que ainda hoje ilumina os nossos dias.

A história de Bartleby é-nos contada pelo advogado sereno e «pouco ambicioso» que o contrata como escrivão no seu escritório na Wall Street, em Nova Iorque.

Relutantemente, mesmo sem perceber muito bem porquê, ele torna-se cúmplice da inacção de Bartleby, tolerando até ao fim todas as suas injustificadas recusas.

É este um «livro triste e verdadeiro onde se mostra que a inutilidade essencial é uma das quotidianas ironias do universo», como escreveu Jorge Luís Borges, ou um «texto violentamente cómico» que «não pretende ser símbolo de nada», como defendeu Gilles Deleuze? É Bartleby um «novo Messias» – como defende Giorgio Agamben – que «não vem, como Jesus, para redimir o que aconteceu mas para salvar o que não aconteceu»?

Levar a inacção fundamentalista de Bartleby para um palco de teatro é um risco e um desafio. Esta não é a primeira vez que isso acontece.

O dramaturgo espanhol José Sanchis Sinistierra fez, em 1989, uma adaptação dramatúrgica da obra do escritor norte-americano e, em Portugal, os Artistas Unidos estrearam, em 2001, História do Escrivão Bartleby, com texto de Francisco Luís Parreira e encenação de João Meireles, recriando livremente diálogos e personagens.

Nesta adaptação procurámos ser muito fiéis às palavras de Melville e ao modo como, literariamente, ele apresentou Bartleby ao mundo, contribuindo, como sublinhou Deleuze, para criar um arquipélago onde também podemos encontrar os nomes de Kleist, Dostoievski, Kafka ou Beckett.

Bartleby tem encenaçãoo de Américo Rodrigues e conta com as interpretações de Valdemar Santos e vasco Queiroz, Daniel Rocha e Américo Rodrigues. A peça pode ser vista no Pequeno Auditório do Teatro Municipal da Guarda, pelas 21h30. Os bilhetes custam 6€.

Vila de Nelas Vive o Natal!

Nelas volta a viver o Natal já no próximo fim-de-semana, com a terceira edição do Mercado de Natal a decorrer no Mercado Municipal, no centro desta Vila.

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O Mercado de Natal de Nelas procura ser uma montra privilegiada dos produtos tradicionais desta época festiva dinamizando o comércio local e recriando o ambiente de magia da época.

Para a edição deste ano, e muito à semelhança das edições anteriores, estão previstas várias atividades em torno de exposições de artesanato, mostra de produtos da terra, antiguidades, livros, gastronomia e muita música.

Como o Natal é vivido com mais intensidade pelos mais novos, o Mercado terá o Espaço Criança onde elas poderão tirar fotografias com o Pai Natal, deixar as suas cartas no marco natalício e andar no Carrossel Medieval. Ainda para os mais pequenos está previsto o espetáculo “Tangerina e Spirulina com a sua concertina” e o teatro musical “O Zoo do Joaquim” no dia 13.

A par da visita do Pai Natal e do cariz solidário que envolve esta iniciativa, a grande novidade deste ano promete provocar entusiasmo nos visitantes com o Maior Tronco de Natal feito ao vivo em Portugal.

Este será um imponente Tronco de Natal com 25 metros e será confecionado no dia 13 pela Pastelaria Salinas em parceria com o Intermarché de Nelas e Mathias.

Esta iniciativa promete atrair centenas de pessoas e conta com a participação de 50 expositores que irão encher de vida o percurso entre a Rua Gago Coutinho e o Mercado Municipal, com artesãos do concelho e produtores de vinho do Dão a marcarem presença nesta edição.

Para o dia 12 de dezembro está prevista a atuação de alguns grupos musicais da região, uma arruada dos Bombos do Paço, atuação da Escola de Música da Sociedade Musical 2 de Fevereiro – Banda de Santar, atuação da Escola de Música e de Dança de Nelas, Coro Infantil do Bairro da Igreja, grupo de Cantares “Serões da Beira Alta” e ainda a atuação da Banda Paracetamole.

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Ainda para esta época Natalícia estão a ser preparados outros eventos em torno do mote “Viva o Natal!”, como o Cantar das Janeiras previsto para dia 3 de janeiro e o Concerto de Ano Novo que terá lugar no dia 10 de Janeiro.

Uma trapalhada feliz no Teatro Municipal da Guarda

O Teatro Municipal da Guarda recebe este sábado a banda The Happy Mess.

Miguel Ribeiro, Rui Manuel Costa, Joana Duarte, João Pascal, Pedro Madeira e Zé Miguel formam esta Banda de amigos que deve ser levada a sério mesmo que o projeto tenha começado como uma brincadeira.

O The Happy Mess deverão apresentar o seu mais recente álbum, “Half Fiction”, que foi criado durante os dias em que a banda passou numa floresta em Paredes de Coura, um trabalho diferente do “Songs from the Backyard” até pela forma como nasceu. Foi um álbum que resultou do total isolamento num local onde não havia acesso à internet, nem telemóveis, transformando todos os elementos do grupo em eremitas que recebiam, ocasionalmente, a visita de uns pastores e de umas ovelhas.

 

O concerto no Teatro Municipal da Guarda irá decorrer no Pequeno Auditório a partir das 21h30 e o bilhete custa 6€.

 

Festival Vinhos de Inverno e letras em Viseu

Começa já na sexta feira, dia 4, a segunda edição dos “Vinhos de Inverno”, no Solar do Vinho do Dão e que este ano conta com mais novidades e mais horas de programação, mantendo-se alguns dos eventos que fizeram sucesso na edição do ano passado.

O Entre-Aduelas será instalado no Salão dos Vinhos e aqui os visitantes poderão aproveitar para degustar alguns dos mais preciosos néctares do Dão enquanto se passeiam pelas salas adjacentes apreciando produtos regionais como biscoitos, mel, azeite e queijo, disponíveis para prova e compra.

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O ambiente de Inverno é aqui amenizado pela lareira do Solar que se reacende para que os visitantes possam disfrutar de uma ambiente propicio ao relaxamento e à degustação.

Para aqueles que são novos nestas andanças do vinho haverá workshops assim como para aqueles que são amantes de longa data dos vinhos do Dão.

A grande novidade deste ano casa a literatura com o vinho, “Tinto no Branco” é a primeira Festa da Literatura de Viseu e colocará a literatura à prova, combinando os prazeres dos Vinhos do Dão, da gastronomia regional e da literatura universal.

Serão muitos os nomes para ouvir e muitos haverá para aprender sobre esse universo das letras e dos vinhos, conhecendo aquilo que os liga seja na cultura, simbologia, espiritualidade e vivências.

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Entre os nomes confirmados para este Festival Literário estão Afonso Cruz, Fernando Dacosta e Francisco José Viegas assim como os viseenses João Luís Oliva e António Gil.

Aquilino Ribeiro estará presente neste “Tinto no Branco” com algumas das palavras do mestre das “Terras do Demo” a servirem de mote às conversas e encontros deste Festival.

Este Festival não se fica apenas pelo Solar do Vinho do Dão, invadindo cidade de Viriato. “Tinto no Branco” propõe passeios pela cidade de Viseu a bordo do comboio turístico com Miguel Real, no sábado e Deana Barroqueiro, no domingo, a servirem de anfitriões nesta viagem pelas “histórias e as estórias” que permitirão aos visitantes (re)descobrir os cantos e recantos desta milenar cidade. Estes passeios irão decorrer durante o fim-de-semana com partida do Rossio às 11h00.

As conversas fazem parte integrante deste Festival com a primeira grande ronda a decorrer no sábado a partir das 16h00, com o Chef Loureiro a fazer as honras à casa e a abrir o apetite para uma tarde que promete levar os presentes numa viagem pelo tempo para a “ínclita refeição”!

As histórias continuam com “Contos, lendas e facecias do Vinho”, com Paulo Moreiras, a partir das 17h00 e que irá desvendar mitos e verdades sobre o vinho, enquanto que, noutra sala, Anselmo Borges e António Gil lançam novas reflexões em torno do vinho e as suas ligações espirituais em “Criado para alegria dos homens”.

Aquilino Ribeiro serve de inspiração para a conversa que se segue “se regionalista é ter descrito outra coisa que não Lisboa, não reclamo melhor diploma” que irá juntar Alberto Santos, Manuel da Silva Ramos e João Luís Oliva em torno do poder da literatura.

Os serões irão juntar Fernando Dacosta e Patrícia reis numa conversa sobre “só as ânsias valem porque os triunfos, esses, acabam em bocejos”. Rui Cardoso Martins e Valério Romão propõem-se desmistificar os bastidores da escrita em “Os meus assuntos vou busca-los à história natural racionalizando-os”. O dia acabará com André Domingues numa sessão improvável com direito a “leituras de vinho e provas de texto”.

Neste Festival há também espaço para os mais novos onde poderão encontrar os habituais ateliers criativos no Espaço dão Petiz, para além disso, os visitantes de palmo e meio poderão conhecer melhor a arte da ilustração com o autor Paulo Galindro, no sábado a partir das 15h30, no Solar do Vinho do Dão.

Concurso de Bandas em Belmonte

A música ocupa um espaço cada vez maior na cultura nacional e das regiões.

É através dela que transmitimos o que sentimos, os nossos valores e tradições. É um dos cartões de identidade de um povo ou de um grupo.

Há música para todos os gostos e a criatividade não tem limites, daí que existam diferentes estilos e tipos de música, assim como há diferentes tipos de instrumentos e de vozes. O que interessa é transmitir sentimentos.

São vários os eventos que potenciam a criatividade musical e que pretendem dar a conhecer e impulsionar novos valores como é o caso do Concurso de Bandas que vai decorrer em Belmonte, dando a oportunidade a novos talentos da música na região, enquanto se dinamiza o Auditório Municipal de Belmonte.

As Bandas podem inscrever-se até dia 11 de dezembro pelo email cultura@cm-belmonte.pt. O prémio é a oportunidade para atuarem e mostrarem o seu trabalho ao grande público com a atuação nas Festas do Concelho de Belmonte em 2016.

Idanha Fora do Lugar

Fora do Lugar é um Festival, mas não é um Festival comum, assumindo-se como um dos fenómenos musicais mais originais do panorama nacional. O Fora do Lugar – Festival Internacional de Músicas Antigas é potenciado pelas infindáveis oportunidades que o território de Idanha-a-Nova oferece e este pequeno “andarilho” continua a surpreender com a sua programação onde cruza, de forma feliz, interpretes, reportórios e lugares.

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Este Festival começa a 27 de novembro e estende-se até dia 12 de dezembro e não vive apenas de música, sendo que a programação é transversal havendo espaço para a gastronomia, natureza, masterclasses, oficinas e ainda espaço para serviço educativo.

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Do programa deste Festival constam concertos no dia 27 de novembro de Noa Noa e Convidados, na Antiga Sé em Idanha-a-Velha, no dia 28 sobem ao palco do salão da Junta de Freguesia de Oledo os Caravana e no dia 4 de dezembro é a vez dos Quintana (Itália e República Checa) participarem neste Fora do Lugar em Monsanto. Em Aldeia Santa atua Emilio Villalba e Sara Marina de Espanha no dia 5 de dezembro. No dia 11 Pedro Jóia e Quarteto Arabesco invadem o Centro Cultural Raiana em Idanha-a-Nova. O dia 12 de dezembro irá acolher o concerto de Marco Beasley de Itália, na Antiga Sé em Idanha-a-Velha.

No dia 10 de dezembro terá lugar o Jantar Pobre pelas 20h00 em Idanha-a-Nova, com inscrições abertas até 72 horas antes.

As atividades relacionadas com Natureza arrancam no dia 27 de Novembro com a saída de campo, “A água e a vida do rio Ponsul, na Várzia” tendo como destinatários a comunidade escolar. Continuam no dia 28 com a saída de campo “Vamos ser geólogos e padeiros por um dia na Rota dos Fósseis de Pena Garcia. No dia 11 a saída de campo “A água e a vida do rio Ponsul, na Várzia” terá a sua segunda edição e no dia 12 de dezembro terá lugar a saída de campo “No Canhão Fluvial do Erges, em Segura, quem é quem no admirável mundo das plantas?”.

No que toca às Oficinas, no dia 28, em Oledo, na Casa do Povo, será dinamizada uma relacionada com Danças Tradicionais Europeias, no dia 5 de dezembro no Centro Cultural Raiano terá lugar a Oficina “O alaúde e a harpa na Itália no Século XVII, com Quintana. Ainda no dia 5, pelas 17h00 será levada a cabo a Oficina “Os Instrumentos perdidos do Al-Andaluz, também no Centro Cultural Raiano. Por fim, no dia 12, pelas 10h30, terá lugar a Oficina/Concerto Comentado, “As cordas entre nós” com Pedro Jóia.

Sara no aniversário da Guarda

A cidade mais alta está de parabéns esta semana, comemorando os seus 816 anos de atribuição do Foral por parte de D. Sancho I na próxima sexta-feira dia 27. As celebrações serão assinaladas com uma série de eventos que começam no dia 26 com uma conferência sobre “Judeus e Cristãos em terras de fronteira”, a iluminação de natal será acesa pelas 19h00 do dia 27, terminando as celebrações no dia 29 com a Invernal de BTT e um Torneio de Basquetebol.

De entre os muitos eventos que irão decorrer ao longo destes quatro dias de comemorações o grande destaque vai para o concerto de Sara Tavares no dia 27 pelas 21h30 no Teatro Municipal da Guarda.

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A cantora portuguesa com ascendência cabo-verdiana já conta com 20 anos de carreira, cheios de grandes sucessos sendo uma das principais referencias da música portuguesa no mundo.

Espera-se um espetáculo intimista numa noite de aniversário especial para a Guarda, com alguns dos maiores sucessos desta cantora a abrilhantarem o palco principal do TMG.

Os bilhetes têm o preço de 5€ e podem ser adquiridos diretamente na bilheteira do TMG.

 

Fotografia: Tiago Alves Silva

As 8 Maravilhas de Viseu

Viseu cidade de Viriato, terra de gente forte e determinada herdeira do património basilar da nação! Viseu terra de cultura, tradição, história. Mas moderna e cosmopolita.

São muitos os aspetos que definem Viseu e a tornam tão especial. Foi com o objetivo de promover o património de Viseu que nasceu a iniciativa “As 8 Maravilhas de Viseu”, um concurso promovido pelos alunos da licenciatura em Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu.

São, então, oito as categorias a concurso: Gastronomia – Pratos Típicos, Gastronomia – Doçaria, Personalidades históricas, Artesanato, Eventos, Natureza, Monumentos e ainda uma categoria surpresa.

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A Gastronomia com os Pratos Típicos é uma das categorias a votação e podem escolher entre o Arroz de Carqueja, Bacalhau à Lagareiro, Bacalhau Podre, Cabrito Assado, rancho à moda de Viseu, Rojões e Vitela à Lafões.

A Doçaria de Viseu está a votos na categoria de gastronomia – Doçaria com as seguintes delicias a votos: Castanhas de ovos, Lampreia de ovos, Leite Creme, Pastel de Feijão, Rotundinhas e os famosos Viriatos.

São várias as personalidades que marcaram a história de Viseu e a votos, nesta categoria, estão os nomes de Almeida Moreira, Aquilino Ribeiro, D. Afonso Henriques, D. António Alves Martins, D. Miguel da Silva, Augusto Hilário, Infante D. Henriques, João Torto, Rei D. Duarte, São Teotónio, Vasco Fernandes e Viriato.

Na categoria dedicada ao Artesanato a concurso estão o Barro de Molelos, Bordados de Tibaldinho, Cestaria, Estanho. Ferro Forjado, Flores de Fragosela/Namorado, Latoaria, Linho, Renda de Bilros e os Sabões Artesanais.

Os Eventos a concurso são as Cavalhadas de Teivas, Cavalhadas de Videmoinhos, Cinema na Cidade, Feira de São Mateus, festival da Primavera, Festival de Jazz, Gala Os Melhores Anos, o evento Jardins Efémeros e a Procissão de Enterro do Senho/Semana.

Na categoria dedicada à Natureza estão a votos a Ecopista do Dão, Fontelo, Jardim das Mães, Monte Santa Luzia, Parque Aquilino Ribeiro, Quinta da Cruz e as Termas de Alcafache/Praia Fluvial.

Os Monumentos são um dos aspetos mais importantes da arquitetura de Viseu e estão, também, a votos com a catedral de Santa Maria de Viseu/Sé, Cava de Viriato, Igreja da Misericórdia, Igreja da ordem Terceira do Carmo, Igreja dos Terceiros de São Francisco, Museu Grão Vasco, Porta do Soar e o Solar do Vinho do Dão na seleção desta categoria.

Pode votar pelo site http://anarap19.wix.com/8maravilhasdeviseu . Os vencedores serão anunciados na gala 8 Maravilhas de Viseu organizada pelos alunos da Licenciatura em Turismo da ESTGV, no próximo dia 7 de dezembro no Clube de Viseu.

Esta votação que pretende distinguir as 8 Maravilhas de Viseu procura destacar a cidade enquanto destino turístico, despertando a sociedade local para a necessidade de um maior envolvimento no que é também o seu património, valorizando, preservando e participando ativamente nas iniciativas que visam o desenvolvimento do turismo, contribuindo para o seu conhecimento.

Este evento tem associado a si uma causa social sendo que o valor angariado irá reverter a favor da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo de Viseu.

Há Queijo e depois há o verdadeiro Queijo!

Sou fã de Queijo. Não sou especialista, entenda-se, nem muito lá perto. Sou fã. Daquelas pessoas que come e até vai perguntando como se faz e quais as diferenças de uns para os outros, mas no final apenas uma coisa me interessa, afincar-lhe o dente, seja acompanhado de pão ou não.

Já provei alguns queijos ditos famosos, o Camembert e o Roquefort franceses, os italianos Parmigano-Reggiano ou o conhecido Mozzarella di Bufala ou os suíços Gruyère ou o Emmentaler que alguns amigos que por estas terras vivem me apresentaram e que por terras lusas se podem facilmente adquirir num qualquer supermercado. Se são de “confiança” ou “dignos da representação” isso já não sei, mas a verdade é que, e aqui pela Serra da Estrela sabemo-lo muito bem, os ditos “queijos industriais” ou feitos para comercialização, não possuem o sabor genuíno, e isso, meus amigos, é uma grande lastima, mas já lá vamos a essa temática.

 

“O que não falta no mercado é queijo e todos os países têm os seus e defendem com unhas, ou garfo, e dentes o seu produto rotulando-o como sendo o melhor do mundo!”

 

O que não falta no mercado é queijo e todos os países têm os seus e defendem com unhas, ou garfo, e dentes o seu produto rotulando-o como sendo o melhor do mundo! Portugal que é um país pequeno tem dezenas de queijos de Denominação de Origem Protegida (que atesta a genuinidade e qualidade) de vários cantos da nação, todos eles dignos do titulo de “melhor do mundo”. Há o Limiano, o queijo de Serpa, o Queijo da Ilha, o de Cabra Transmontano ou ainda o Terrincho, entre muitos outros, que não vou enumerar aqui porque não vale a pena, até porque eu quero falar apenas de um.

Há um queijo especial. Absolutamente delicioso e que para mim merece o titulo de “melhor queijo do mundo”, pelo menos do meu mundo, dentro da gama de queijos que já provei claro. Um queijo que tanto me delicia na sua componente mole, amanteigada a escorrer do prato, como no seu estado mais duro, que se come em lascas e que arde na língua como pimenta implorando um gole de um bom vinho! Só há um lugar no mundo onde ele é produzido e, como já devem ter reparado, chama-se Queijo Serra da Estrela.

Numa pequena investigação descobri que existem dois tipos de Queijo da Serra da Estrela DOP, o velho e o Serra da Estrela. Ora este último, o Queijo Serra da Estrela é um Queijo curado, de pasta semimole, amanteigada, branca ou ligeiramente amarelada, com poucos ou nenhuns olhos, obtido por esgotamento lento da coalhada após coagulação do leite de ovelha cru, estreme, pela ação do cardo. Já o Queijo Serra da Estrela Velho é um queijo de pasta semidura e extradura, ligeiramente quebradiça, untuosa, de cor alaranjada / acastanhada, com poucos ou nenhuns olhos, obtido por maturação prolongada (no mínimo 120 dias) do primeiro queijo que aqui falamos. Um dos fatores que torna estes queijos únicos, além das mãos cheias de sabedoria que os confecionam, é o leite do qual é feito e que vem de raças muito especiais de ovelhas, são elas as raças Bordaleira Serra da Estrela e/ou Churra Mondegueira.

O Queijo Serra da Estrela DOP mantém a forma tradicional de fabrico e revela características que se atribuem ao leite e, portanto, à forma tradicional de maneio das ovelhas, é aqui que reside a grande diferença entre o verdadeiro Queijo Serra da Estrela DOP e aquele que se encontra nas grandes superfícies comerciais e que, na sua maioria, é confecionado com leite proveniente de Espanha, o que acaba por desvirtuar o sabor.

 

“Quando vim viver para a Serra admito que era daquelas pessoas que dizia gostar de queijo e apreciar o da Serra da Estrela, mas não conhecia o verdadeiro sabor, mais intenso, com personalidade própria que nos faz saborear a serra de um só trago.”

 

Quando vim viver para a Serra admito que era daquelas pessoas que dizia gostar de queijo e apreciar o da Serra da Estrela, mas não conhecia o verdadeiro sabor, mais intenso, com personalidade própria que nos faz saborear a serra de um só trago. “Procura um Queijo diretamente no produtor ou vê se é DOP (Denominação de Origem Protegida)”, disseram-me, e confesso que procuro sempre comer os “caseiros” aqueles que são feitos um pouco na clandestinidade, já que estas coisas da segurança alimentar (que respeito e admito serem importantes), vieram desvirtuar um pouco o sabor original dos produtos que passa, muito, pela forma como são confecionadas e pelo amor que lhes é colocado no manuseio do mesmo.

O uso da Denominação de Origem obriga a que o queijo seja produzido de acordo com as regras estipuladas no caderno de especificações que determina quais as condições de produção de leite, higiene da ordena e conservação do leite e fabrico do produto.

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Quem conhece o verdadeiro sabor do Queijo Serra da Estrela sabe que aquele que se encontra no supermercado não é o melhor representante. Quem por aqui vive tem o seu produtor favorito ou a sua loja de queijos de eleição que garante que aquilo que leva para casa é genuíno, o mesmo se aplicando ao requeijão, sobre o qual um destes dias conversaremos! Eu também tenho o meu produtor e loja favoritos e já dei por mim a discutir animadamente com alguns amigos qual o melhor produtor enquanto comemos um belo queijo, defendendo as nossas escolhas como se de um clube se tratasse. Há discussões também em torno do melhor, se o duro ou o amanteigado. Eu acho que cada um tem a sua época, prefiro o mole na estação mais fria e o duro no verão. E há, ainda, outro motivo de discórdia entre os apreciadores do queijo Serra da Estrela, como o cortar? Há quem retire as cintas que o impedem de colapsar no seu próprio peso de amanteigado deleite, o corte ao meio e o deixe escorrer em todo o seu esplendor pelo prato, outros há, como eu, que preferem retirar um “chapéu” no topo do queijo e ir retirando à colherada o seu delicioso interior até restar apenas uma oca casca. Qual a forma que você prefere?

Tânia Fernandes

A Dança Contemporânea em Viseu

Viseu aposta na cultura e o Teatro Viriato é o seu farol.

A cultura nas suas mais diversas formas. Para a semana a aposta vai para o corpo e a beleza que podemos extrair dele. A dança na sua ascensão e mística! New Age, New Time, uma mostra de dança contemporânea que durante uma semana vai dar a conhecer, na sua quarta edição, as mais recentes criações coreográficas que marcam a atualidade da dança em Portugal.

Este será mais que um encontro entre coreógrafos e programadores, entre interpretes e público.

Este ciclo convoca o público para a celebração da dança contemporânea.

A par da dança o público terá a oportunidade de assistir à projeção de um vídeo coreográfico pensado pelo coreógrafo Romulus Neagu com edição de Constantin Georgescu que reflete sobre a motricidade do corpo na dança e na natação, num trabalho que explora a potencialidade corporal que existe nos movimentos e diferentes ambientes onde ele se desenvolve.

Complementando este trabalho o público poderá apreciar a instalação de João Dias, com coprodução do Teatro Viriato, que simula um dos objetos do vídeo, uma piscina, na qual são projetadas imagens de movimento que o público pode manipular com as suas próprias mãos.

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No dia 21 vá até ao Teatro Viriato e deixe-se deslumbrar, a partir das 21h30 com “A Tecedura do Caos” de Tânia Carvalho, um trabalho que tem como motor a obra de Homero “A Odisseia”.

Neste espetáculo a viagem de Ulisses, a obstinação e a esperança do Herói, a sua frustração e a dor pelo adiado regresso a casa convoca a busca incansável dos doze interpretes pelo movimento. Tentar transpor algo como a “Odisseia” para o território da dança é sinónimo de provação, por isso Tânia Carvalho mantém uma infidelidade crua, mas firme ao texto de Homero, e invoca a sua esfera mais obscura ao mesmo tempo que tenta reagir instintivamente às exigências da dança e do movimento.

A crítica internacional especializada tem-se rendido à coreografia e à capacidade de construção de movimento por parte desta coreógrafa.

No domingo, a partir das 18h00 pode assistir ao espetáculo “Pastiche” de Luiz Antunes e Sérgio Diogo Matias, que neste trabalho revisitam o léxico e os processos criativos de coreógrafos emblemáticos da chamada “nova dança portuguesa”. É uma proposta pertinente e arriscada que resulta de forma positiva num exercício documental que ajuda à construção de uma memória coletiva da escrita coreográfica portuguesa.

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“Trovoada” invade o palco no dia 24, às 21h30, com Luís Guerra a articular, nesta nova criação, o seu universo estético com duas composições musicais originais interpretadas ao vivo pela pianista Joana Gama.

Em palco, uma figura algo negra e misteriosa movimenta-se entre sucessivos ambientes sonoros e cortes de luz, que criam a expectativa de que algo, por exemplo da dimensão do “Big Bang”, está prestes a acontecer.

Às 21h30 do dia 26 “Stretto” de Romulus Neagu onde um homem desalinhado tenta percorrer o caminho do silêncio, enquanto o movimento degrada-se, desarticula-se e o sentido perde-se num abstrato inconsequente. Um solo de dança que resulta do encontro entre três artistas de áreas diferentes, Romulus Neagu, João Dias e Ulrich Mitzlaff, que aprofundam pensamentos transversais e partilham, através de um universo performativo e visual intenso, um alinhamento de vivências individuais transformadas num amontoado de sensações físicas e afetivas.

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“Pântano” de Miguel Moreira encerra este ciclo às 21h30. Uma clara alusão a um espaço construído por peregrinos, pessoas que resolvem fazer uma profunda reflexão enquanto se deslocam. Ao longo de todo o espetáculo é transmitida uma postura de solidão e sacrífico que emociona mas que também conduz a uma zona de desconforto, despertando a urgência de reflexão sobre qual o lugar que cada um ocupa no mundo.

Os bilhetes para o New Age, New Time custam 5€ por espetáculo e 15€ para quem quiser assistir a todo o programa.