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Caminhar pela Rota do Carvão

Esta é uma das alturas ideias para se fazerem caminhadas na região.

A montanha começa a vestir-se de cores que parecem impossíveis, numa palete cromática impressionante que não deixa ninguém indiferente. Paisagens de cortar a respiração, sons e cheiros que antecipam o Inverno que em breve chegará.

O outono na Serra da Estrela é de uma beleza incrível que nos faz ver como a natureza é generosa e uma artista como não há igual.

O convite passa por calçar umas sapatilhas, colocar uma mochila com provisões às costas e partir numa viagem pelo deslumbre, agora que o tempo está mais fresco e os dias convidam à contemplação.

Vamos até Manteigas que nos convida para já no próximo dia 25 de setembro a caminharmos pela Rota do Carvão, num périplo de cerca de 15km que começa nas Penhas Douradas.

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A Rota do Carvão

A Rota do Carvão é especial, conta uma parte da história de Manteigas que se encontra intimamente ligada com a pastorícia, o centeio e a floresta.

Lá no alto do percurso, além de se aproveitar os terrenos para o pasto, era o local onde era produzido carvão que seria depois vendido na Vila, através da queima da raiz da urze, também conhecido por borralho.

Quem por estes trilhos caminha poderá observar a beleza que os matos e matagais proporciona, as florestas de folhosas entre as esculturas naturais que são as escarpas rochosas como a Fraga da Cruz, o Fragão do Corvo e a Pedra Sobreposta.

A viagem começa nas Penhas Douradas, uma pequena aldeia de montanha (hoje um dos maiores pontos turísticos da Serra da Estrela) que teve a sua origem no tratamento em altitude de doenças do foro respiratório, passando pela Nave da Mestra, uma depressão topográfica que apresenta um largo plano rodeado por um maciço granítico muito fracturado.

A Rota leva-nos ainda pelo Vale das Éguas, pelo espelho de água de Vale Rossim, pela Charca do Perdigueiro, pela panorâmica para o Vale Glaciar e para o acumular de serras que se estendem até Espanha numa paisagem deslumbrante.

Ao longo da Rota do Carvão poderemos ainda ver o Observatório Meteorológico das Penhas Douradas, construído há mais de cem anos.

Esta é uma Rota que nos apresenta uma enorme variedade de vegetação e fauna. O salgueiro-branco, o plátano-bastardo, o cervum, a consolda-vermelha, o jacinto dos campos, a faia, o castanheiro e o carvalho-negral compõem parte do conjunto da vegetação. Realça-se o valor da tramazeira, do zimbro e do vidoeiro, devido à sua raridade em Portugal. Também é possível encontrar a caldoneira que detém o estatuto de conservação pela Directiva Habitats, que considera ser de interesse comunitário.

Mas há mais para além da Flora, a Fauna ao longo deste percurso é variada já que neste traçado habitam o javali, a raposa, a toupeira, o ouriço-cacheiro e a lebre.

Quanto aos répteis, o sardão e a lagartixa-do-mato estão presentes. As linhas de água fomentam a existência de anfíbios como a rã-iberica, a rã-verde e o lagarto-de-água.

O peneireiro, a coruja das torres e o tartaranhão-caçador são as aves que dominam os altos céus da Rota do Carvão. Com menos porte, temos o melro-azul, o melro das rochas, o andorinhão-preto e o guarda-rios.

No dia 25 de setembro a saída está programada para as 8h25 junto à Câmara Municipal de Manteigas onde os participantes seguirão em autocarro até às Penhas Douradas. A chegada está prevista para as 16h30.

As inscrições são gratuitas mas obrigatórias, e pode fazê-la para o email gtflorestal@cm-manteigas.pt ou pelo telemóvel 961937977.

 

 

Na Rota da Cereja

Estamos todos desejosos. Por esta altura, no ano passado, já tínhamos comido algumas. Este ano está difícil.

Começam a aparecer para nos satisfazer a gula.

São Pedro não nos ajudou este ano a podermos admirar a sua floração plena, mas o fruto já começa a despontar e esta é a altura mais deliciosa para sairmos ao caminho, de sapatilhas calçadas, mochila com algumas provisões e irmos passear pela Rota da Cereja.

Preparamo-nos para uma caminhada de quase 10km por entre cerejeiras e uma paisagem fantástica!

Começamos em Alcongosta e sabemos que este passeio durará cerca de 4 horas, podemos aproveitar para lanchar pelo caminho, sentados numa pedra a ouvir a natureza falar connosco – tem tanto para nos contar – e sabemos que no final voltaremos ao ponto de partida.

Em Alcongosta podemos admirar exemplares da antiga arquitetura doméstica, que é como quem diz, admiremos o casario que faz a identidade desta terra, com as suas varandas em madeira e paredes de pedra e terra.

A Igreja de Nossa Senhora da Anunciação é um edifício seiscentista digno de apreciação.

Aproveitemos para conhecer as suas capelas, a do Espírito Santo, datada de 1578, a capela do Mártir S. Sebastião e a do Calvário, marcas da fé destas gentes.

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A região da Cova da beira tem uma relação muito intima com a cereja, sendo conhecida em todo o país como um dos locais onde se cultiva aquelas que são, para muitos, as melhores cerejas do mundo – a Cereja do Fundão.

Quando floridos os cerejais são pequenos mundos de fantasia onde podemos sonhar com fadas e elfos, num mar de flores rosadas de uma beleza quase etérea.

Quando o fruto desponta o espetáculo é entre o verde e o vermelho, cores da nação, cores se puro sabor. Brilhantes cativam os nossos olhos e fazem-nos salivar!

Em Alcongosta a cerejeira é a árvore ícone da identidade da terra, e aqui a cereja é festejada com pompa e circunstância na Festa da Cereja que ocorre todos os anos e atrai milhares de pessoas em junho.

Mas nem só de cereja se vive em Alcongosta.

A cultura e as tradições são fortes por estas terras e a cestaria reserva em si segredos ancestrais e uma mestria de invejar.

As Cestas de Esparto são um dos ex-libris da terra, feitas através do esparto, uma planta recolhida na Serra da Gardunha, e a cestaria em verga de castanheiro são exemplos de antigos saberes e funções que podemos encontrar nas oficinas artesanais e nos “refogadouros”.

Caminhamos. Olhamos a paisagem. Comemos algumas cerejas. Colhemos outras que podemos guardar em cestos de verga ou esparto e sigamos a Rota da Cereja.

Ao longo do caminho encontramos alguns Miradouros onde podemos contemplar a paisagem que se estende até aos limites do sul da Serra da Estrela.

Passamos pela Casa da Floresta, antiga habitação de um dos guardas florestais da Gardunha e apreciamos a paisagem. Seguimos o caminho e passamos peça Quinta Serrana, pelo Souto do Mouro e pela Quinta de São Gonçalo.

Regressamos a Alcongosta.

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A Rota da Cereja é um calendário dos sentidos. Na Primavera, as cerejeiras vestem-se de branco a Gardunha num espetáculo único.

No verão o verde das árvores, pontuados pelo vermelho dos seus suculentos frutos atiçam a gula.

No outono os tons ocre, amarelo-alaranjado das folhas pintam a paisagem num quadro magnifico.

No Inverno a paisagem enche-se de neblina e os troncos cinzentos confundem-se com as pedras da paisagem num sono revigorante que as fará despontar na Primavera e começar tudo de novo.

Na companhia do Zêzere

Nasce fresco e cheio de vida, numa cantoria singela, no alto da Serra da Estrela, junto ao Cântaro Magro o correndo por ela abaixo num frenesim juvenil esculpindo a paisagem à sua volta. Chama-se Zêzere e é rio.

Rio de histórias e segredos, rodeado de algumas das mais belas paisagens que este Portugal pode ter.

Desce da Serra num bailado tão seu, calcorreando vales e deixando as suas marcas por terras de Manteigas, Covilhã, Guarda, Fundão, Pampilhosa da Serra, Vila de Rei, Oleiros, Sertã, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Ferreira do Zêzere, Abrantes e desagua em Constância onde se junta às águas do Tejo rumo à imensidão do Atlântico salgado.

Com a importância do Rio Zêzere bem patente, as Aldeias do Xisto, uma rede constituída por 27 aldeias distribuídas pelo interior da Região Centro de Portugal, lança, oficialmente, nos próximos dias 26 e 27 de setembro, a GRZ – Grande Rota do Zêzere, numa iniciativa que junta vários atletas que irão percorrer na integra o traçado da GRZ, desde o seu local de nascimento na Serra da Estrela rumo à foz em Constância.

Falamos de atletas como o alpinista João Garcia, o atleta olímpico de BTT, David Rosa ou o canoísta Emanuel Silva que venceu a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres.

Estes atletas irão inaugurar esta rota em estafeta com o transporte do testemunho que contem água do Covão D’Ametade e dos vários pontos de passagem ao longo do rio, sendo, depois, guardado no final do trajeto celebrando, assim, o Dia Mundial do Turismo.

A cada passagem e enchimento do testemunho com um pouco mais de água do rio, cada um dos Municípios parceiros desta Grande Rota do Zêzere irá celebrar a inauguração dos troços da rota que passam nas suas terras. Esta estafeta está aberta a todos os que queiram juntar-se a estes atletas.

O percurso terá inicio no Covão D’Ametade às 8h30, seguindo por Vale de Amoreira, Valhelhas, Ponte de Alvares, Camping Tortosendo, Adleia do Xisto da Barroca no Fundão. Seguem rumo a Dornelas do Zêzere na Pampilhosa da Serra, seguindo para Janeiro de Cima e Janeiro de Baixo, Cambas, Abitureira, Sobral, Arrochela na Sertã, Sra. da Confiança, Ponte Filipina em Pedrógão Grande e descansa, neste primeiro dia de estafeta, em Bouçã – Foz de Alge em Figueiró dos Vinhos.

A etapa do dia 27 começa às 8h00 em Foz de Alge rumo a Dornes, Trízio, Zaboeira, Cabeça Gorda em Vila de Rei, Macieira, Penedo Furado, Fontes em Abrantes, Cabeça Gorda também em Abrantes e termina em Constância numa chegada conjunta Trail Running, BTT, Pedestre e Canoa.

Esta estafeta será feita em várias modalidades, Trail Running, BTT, Pedestre e em Canoa, num programa que pode consultar no site da Aldeias de Xisto. Trata-se de uma Rota Multimodal com 370 km de extensão por 13 concelhos, podendo ser feita a pé, de bicicleta ou de canoa, de forma contínua e encadeada, por troços ou circuitos multimodais, recorrendo a mais do que uma disciplina.

Existem 13 Estações Intermodais instaladas em locais próximos do rio e trata-se de estruturas multifuncionais de apoio que permitem aos utilizadores alternarem o modo de locomoção ao longo do itinerário sem que, para isso, tenham de sair do percurso para trocar o equipamento utilizado.

Nesta Rota foram desenvolvidos vários conceitos capazes de transportar este itinerário para um patamar superior aos que já existem no país e mesmo além fronteiras, sendo as Estações Intermodais um deles, mas há mais, como a existência de percursos complementares, sejam eles circulares como é o caso das Pequenas Rotas, em torno de pontos onde a GRZ passa, quer derivações a partir do itinerário principal que levam os utilizadores a áreas de interesse turístico.

Esta Grande Rota do Zêzere está aberta ao longo de todo o ano e pode ser utilizada por qualquer pessoa que terá a oportunidade de apreciar a beleza natural que envolve o rio Zêzere, seja a sua fauna ou flora, seja pelas atrações turísticas como barragens ou aldeias. Atreva-se a explorar este pequeno mundo!

 

 

De Castelo Rodrigo até Marialva

Mesmo para quem não gosta de caminhar há rotas que valem a pena ser percorridas pela sua beleza e por aquilo que nos fazem sentir e descobrir.

Hoje vou falar-vos acerca de uma das Rotas que unem duas Aldeias Históricas na região da Serra da Estrela.

A Serra por si só está cheia de paisagens de tirar o fôlego e de cantos e recantos de mistério que apaixonam quem tem a sorte de os encontrar e reconhecer, e se juntarmos a isso a beleza e mistério das nossas Aldeias Históricas o resultado só pode ser fabuloso e, como disse, mesmo que não seja adepto das caminhadas, estas rotas valem a pena pela experiência a elas associada, a experiência da vivência da própria Serra, dos seus sons, aromas e cores.

Começamos o nosso percurso na dourada aldeia de Castelo Rodrigo, deixando para trás as suas belas ruínas e casarios rumo a outra pérola desta Serra, Marialva. Esperam-nos cerca de 35 km, são 9 horas de viagem, o dia está por conta da nossa vontade e força nas pernas.

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Deixando Castelo Rodrigo seguimos em terra batida rumo ao vale do Côa, contornando a Serra da Marofa.

Ao entroncar com a estrada alcatroada que faz a ligação de Cidadelhe às aldeias da margem direita do rio e quando chega ao portão da Reserva da Faia Brava, juntando-nos à Grande Rota do Côa para atravessar o rio e subir a encosta. Separamo-nos dela antes de chegar a Ribeira Brava.

A área protegida da Faia Brava é um local imperdível, sendo um lugar onde podemos ver a recuperação dos habitats endógenos a funcionar.

Entremos e deliciemo-nos com os garranos, os bovinos maroneses e com as muitas espécies de mamíferos selvagens que aqui habitam. No alto, lá nos céus, as aves de rapina roubam-nos a atenção. Por aqui voam grifos, águias-cobreira, águias-calçada e o milhafre preto.

Continuemos o nosso caminho, deixando, temporariamente, a estrada para depois a cruzar ao entrar no vale da Ribeira do Porquinho e subir à localidade de Juízo.

Continuamos agora em alcatrão num percurso que atravessa a ribeira de Massueime para chegar à Gateira, seguindo terreno plano e em terra batida até junto das rotundas de acesso ao IP2.

Deixamos o alcatrão e aproximamo-nos de Marialva passando pela Devesa.

Pelo caminho até Marialva passamos pela albufeira de Stª Maria de Aguiar onde podemos observar as aves aquáticas que por aqui vivem, como o mergulhão –de-crista, o corvo-marinho-de-faces-brancas, o pato-real e a garça-real.

Estamos perto do Parque Natural do Douro Internacional e aqui podemos entrar numa paisagem bastante diversificada onde os matos de giestas se misturam com núcleos de azinheiras, alqueives, saganho-mouro e rosmaninhais.

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Podemos chegar cansados a Marialva, a certeza é que trazemos na bagagem paisagens maravilhosas e a vontade de fazer o caminho inverso. Descansemos em Marialva, aqui come-se e dorme-se bem. A hospitalidade beirã reina. Partiremos no dia seguinte.

As Aldeias:

https://heartbeat.pt/marialva/

https://heartbeat.pt/castelo-rodrigo/

 

Pelas Rotas das Aldeias de Montanha

Para os amantes das caminhadas e da natureza sugerimos, hoje, um conjunto de rotas muito especial, que o levará a conhecer algumas das mais belas aldeias da Serra da Estrela, em percursos de fazer parar a respiração, e não (apenas) por cansaço ou pela altitude!

Nas Rotas das Aldeias de Montanha encontrará 14 percursos num total de cerca de 100km, abrangendo o território das Aldeias de Montanha.

A Rota da Ribeira do Piódão em Vide.

A Rota da Ribeira de Loriga que abrange as localidades de Loriga, Vide e Cabeça.

Ainda por lados de Cabeça encontra a Rota dos Socalcos.

Em Loriga poderá encontrar a Rota da Eira e Rota da Garganta de Loriga.

Por lados de Teixeira existe a Rota da Missa.

Em Sazes da Beira pode seguir a Rota do Volfrâmio.

A Rota das Minas do Círio começa em Valezim.

Há ainda a Rota da Caniça em Lapa dos Dinheiros.

Em terras de Sabugueiro existem as Rotas do Vale do Rossim e a Rota da Fervença.

Em Alvoco da Serra e Vide encontra.

Ainda a Rota da Ribeira de Alvoco.

Em terras de Alvoco da Serra pode optar pelas Rotas das Canadas e Pastoreio.

Claro que cada Rota tem as suas especificidades e grau de dificuldade, por exemplo, as mais difíceis são as Rotas da Garganta de Loriga, da Ribeira de Loriga, do Pastoreio e a Rota da Ribeira de Alvoco.

Se for um caminhante que gosta de um desafio mas não dispensa apreciar a paisagem sem grandes esforços físicos, tem para si as Rotas de dificuldade média. Falo das Rotas das Minas do Círio, da Caniça, Canadas, Fervença e Rota de Vale de Rossim. Para aqueles que não querem grandes dificuldades nas suas caminhadas há as Rotas de dificuldade fraca como as Rotas da Eira, Socalcos, Missa e Rota do Volfrâmio.

Estas Rotas (que pode consultar em pormenor no site do município de Seia) são uma ótima oportunidade para conhecer a riqueza natural e cultural das paisagens e das comunidades das aldeias.

A Serra da Estrela é muito mais que neve, muito mais que um destino de Inverno sendo capaz de oferecer a quem a visitar, autênticos tesouros, raros no país. Os caminhantes são desportistas que entendem o valor da paisagem na prática destas atividades e mais do que praticar desporto, o pedestrianismo é um instrumento de interpretação e conservação da paisagem, representando um produto estratégico de promoção do território junto de um público muito especifico e que se encontra em grande expansão.

Calçe as sapatilhas e venha conhecer esta Rota das Aldeias de Montanha, uma forma especial de aliar a saúde e o bem-estar ao turismo, com certeza saíra daqui mais saudável e com mais histórias para contar e memórias para guardar!

 

 

Pé na estrada até Casteleiro

É verão e apetece caminhar, por isso vamos lá pegar nas sapatilhas, roupas confortáveis, acordar bem cedinho e de garrafa de água na mão, porque é preciso hidratar, dar ao pezinho porque as terras são lindas e nas Beiras há muito para ver. Estão na moda as caminhadas, principalmente as bem acompanhadas, e há modas que de tão saudáveis que são devem ser como as noticias acerca do Cristiano Ronaldo no facebook – virais!

Há muitos municípios a mostrarem sensibilidade por esta causa, e mais do que isso, a darem conta do potencial turístico deste tipo de prática desportiva, como é o caso do Sabugal que disponibilizou 8 percursos pedestres que permitem, a quem for caminheiro, fazer exercício físico e cultural, ficando a conhecer algumas das belezas que fazem parte do património cultural e histórico deste município raiano.

Hoje vamos falar acerca do Pr 7, a Rota dos Casteleiros e que permite ficar a conhecer uma das mais bonitas Aldeias Históricas da região, Sortelha, pois é lá que se inicia este percurso.

Então vamos lá! Sapatilhas confortáveis calçadas, mochila às costas com bens essenciais que, no verão, deverão incluir água, protetor solar, fruta e uma barra energética, e um ou outro item que considere indispensável, afinal vamos andar pela natureza, e já agora, nada de deixar lixo por onde passar e cuidado porque estamos no verão e as matas começam a ficar secas, não queremos nenhum fogo pois não? Começamos em Sortelha, terra linda deste concelho do Sabugal, o inicio é no Largo de Santo António, junto à estrada municipal. Atravessa este largo antigo com dois solares a sul, e saímos da aldeia. Espera-nos uma descida suave, por entre hortas e antigos olivais. Lá no alto podemos admirar a escarpa de granito e o castelo, imponente, que guarda as suas gentes como uma sentinela.

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Se pensa que a caminhada está a ser tranquila e a dificuldade é “para meninos”, a partir daqui irá começar a subir a ladeira íngreme em direção à “Porta da Vila”, entrada principal da Aldeia Histórica de Sortelha. Entramos neste mundo medieval, guardado pelo tempo, cheia de histórias e lendas para contar. Seguimos pela rua principal em direção a oeste e saímos pela “Porta Nova” para fora da muralha.

Aproveitemos para absorver alguma história com os vestígios medievais aqui presentes como as ruinas da Igreja da misericórdia e o antigo hospital. Começamos a descer aproveitando uma antiga calçada medieval com alguns troços ainda visíveis. Executando uma pequena subida logo após a Quinta das Parturas, o percurso faz-se por uma descida suave, ladeada por carvalhos e matos rasteiros que nos acompanham até perto do Casteleiro.

No Casteleiro, já em terras da Cova da Beira, encontramos vários olivais. Chegamos à capela de S. Francisco, no núcleo primitivo de Casteleiro.

Cansados? Alguns sim, outros nem por isso. A beleza deste percurso merece o passeio! E agora? Voltamos para trás, porque não?

 

Tânia Fernandes

Conheça a Rota do Dão

Se há produto que melhor publicita Portugal além-fronteiras esse produto é o vinho, e se a tradição ditava que esse vinho era o Vinho do Porto, bem, é caso para dizer que a tradição já não é o que era, uma vez que são muitos os vinhos que têm dado cartas além-fronteiras demonstrando que Portugal é muito mais que Vinho do Porto e que por cá sabemos bem o que fazer com as uvas.

Alguns dos vinhos que têm marcado a posição de Portugal no panorama vínico mundial são os Alentejanos ou os Verdes do Minho, no entanto, de há uns anos para cá, vinhos como os produzidos na região demarcada do Dão, têm demonstrado que a variedade de produções neste pequeno território europeu é vasta e de grande qualidade. Temos sabido aproveitar as dádivas que a natureza nos preparou da melhor maneira, e a natureza foi generosa com a região do Dão.

A região demarcada do Vinho do Dão não é muito extensa e existe por um capricho da natureza que, graças às formações montanhosas, nos ofereceu este pequeno pedaço de terra onde é possível produzir-se vinho de qualidade superior e diferenciador. É uma região de relevo acidentado, solarenga, com cerca de 20 000 hectares de vinha e apesar de não ser muito extensa consegue abranger os distritos de Coimbra, Guarda e Viseu.

O turismo em torno do vinho tem sido uma grande aposta das regiões onde este produto ganha maior relevo, e o público agradece, isto porque quem aprecia vinho, e sublinhe-se que apreciar é diferente de beber, gosta de saber como o vinho é feito e quem o faz e gosta de conhecer as histórias e a cultura em torno da sua produção.

Sabendo disto, e reconhecendo o seu valor enquanto património turístico, a Comissão Vitivinícola do Dão criou a Rota dos Vinhos do Dão.

Oferecem agora a possibilidade, a quem visitar a região, de conhecer o Património Vitivinícola da região demarcada, os seus atores e os seus produtos, demonstrando que este pedaço de Portugal não é apenas vinho, e que o vinho do Dão não existe por si só, sendo o resultado de um conjunto de fatores, como a cultura, património geográfico, cultural e gastronómico, que o tornam tão especial.

A Rota dos Vinhos do Dão está dividida em 5 Roteiros. O primeiro que nos leva até Terras de Viseu, Silgueiros e Senhorim. O segundo que nos convida a visitar as Terras de Azurara e Castendo. O terceiro roteiro leva-nos até Terras de Besteiros. O quarto até Terras de Alva e, por fim, o quinto roteiro que nos convida a visitar Terras de Serra da Estrela.

Podíamos falar acerca de todos eles, mas hoje vamos apenas falar da parte da Rota que fica no coração da mesma.

Hoje vamos até ao concelho de Nelas, terra de excelência do Vinho do Dão.

O vinho não tem que ser um universo restrito apenas a alguns, limitando-se o consumidor a remeter-se à sua ignorância e a apenas consumir. Hoje em dia o convite feito vai no sentido de se ficar a conhecer o seu universo de modo a sermos capazes de realmente apreciar um bom vinho, muito mais do que apenas bebê-lo.

Este Roteiro convida-nos a conhecer o mundo do vinho, as suas castas, o modo como é apanhado, tratado e cultivado, a forma como são colhidas as uvas e escolhidas para que façam parte do resultado final que se quer de excelência. Esta Rota convida-nos a entrar no universo que faz o Vinho do Dão. Como podemos ler no guia da Rota dos Vinhos do Dão, “em qualquer um dos percursos da Região, o melhor guia que se pode encontrar é um Vinho do Dão. Porque descobrir a natureza ou a obra dos homens é encontrar o mesmo equilíbrio que existe num Vinho do Dão. Porque descobrir um tinto ou um branco do Dão é encontrar um queijo Serra da Estrela, a maça Bravo de Esmolfe, o cabrito, a doçaria e os enchidos que melhor o acompanham”.

O vinho quer e exige companhia, não existe por si só, do mesmo modo que um homem não é uma ilha.

Tiremos um par de dias e vamos até ao concelho de Nelas, perto de Viseu, pequeno em território mas grande em histórias, cultura e claro está, em vinho. Aqui o Vinho do Dão é apenas o ponto de partida, a desculpa para uma viagem pelos sabores, culturas e tradições de gentes que vivem e respiram esta terra. Aqui o respeito pela natureza é enorme, não fosse ela a mãe do seu sustento e a mãe deve ser respeitada. O concelho cresceu e forjou-se sob as demandas do vinho, com muitos produtores e famílias seculares que fundaram estas terras e as esculpiram.

Há gente empreendedora por estas terras que apostaram em manter vivo o património e as suas culturas.

Exemplo de empreendedorismo e de como é possível manter-se vivo um edifício secular é o Paço dos Cunhas de Santar, onde damos início ao nosso périplo por alguns locais de referência cultural, gastronómica e, claro está, vínica de Nelas.

Datado de 1609 este Paço, na Vila de Santar, é uma das pérolas do enoturismo no Dão. Especial e nobre, com um espólio riquíssimo de peças de decoração e arquitetura e com uma vivência orientada para enaltecer os seus vinhos, é o local ideal para começarmos a nossa Rota.

No Paço dos Cunhas de Santar, propriedade da Dão Sul, podemos visitar a Vinha e a Adega, aproveitando para provar alguns vinhos que poderemos adquirir, mais tarde, na loja do Paço. Este espaço é fabuloso para eventos ou para um almoço com amigos.

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Ainda na Vila de Santar encontramos outros locais onde o vinho é rei e onde a história é rainha, como a Casa de Santar, brasonada, há 15 gerações na mesma família, local de gente da nobreza em títulos e em sabedoria, onde é feito o vinho “Memórias de Santar, Condessa de Santar”, ou então a recente Quinta do Sobral onde pode visitar uma adega mais moderna com a mais avançada tecnologia, casa de vinhos como Quinta do Sobral Vinha da Neta Tinto ou Quinta do Sobral Encruzado.

Seguimos ao final da tarde para Lapa do Lobo, onde iremos encontrar o local que nos albergará durante a noite. As Casas do Lupo é o local ideal para pernoitar, e não só, com quartos maravilhosos, conforto e com a garantia da hospitalidade beirã ao mais alto nível. No verão a piscina será o local ideal para terminar o dia, deliciarmo-nos com um jantar delicioso e retemperar forças para a viagem vínica do dia seguinte. Amanhecemos com direito a um belo pequeno-almoço com direito a iguarias gastronómicas regionais.

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A gastronomia da região é um pecado a que não podemos resistir, durante este fim-de-semana esqueça as dietas, é imperativo que coma sem restrições!

Frescos e com vontade de passear rumamos Nelas, sede de concelho, aqui vamos aproveitar para almoçar depois de uma visita à vila, aconselhamos o restaurante Bem-haja, onde a gastronomia regional é apresentada de modo divinal e onde a hospitalidade beirã está sempre presente.

Depois de almoçar sugerimos que a Rota dos Vinhos do Dão se mantenha por Nelas, visite a empresa Caminhos Cruzados onde se produzem vinhos como o “Titular Touriga Nacional” ou o “”Titular Encruzado”, esta empresa resulta da união de ideias e projetos e promete marcar Nelas como terra de vinhos de eleição, aqui poderá conhecer as vinhas, visitar a Adega e provar alguns dos seus vinhos.

Ainda em Nelas podemos visitar a Lusovini, distribuidora de serviço integrado, onde a promoção e desenvolvimento dos vinhos e dos seus produtores é o mote, fazendo uso de um vasto conhecimento para elaborar vinhos de qualidade superior e que respondam às exigências do mercado. Aqui poderá visitar a Adega, provar e adquirir alguns vinhos, como o “Pedra Cancela” ou o “Flor de Nelas”.

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Outro espaço a visitar neste nosso périplo vínico é a Vinícola de Nelas, outrora uma das maiores exportadoras de vinhos de Portugal, hoje produz a partir de uvas próprias e adquiridas a agricultores da região, os seus próprios vinhos com denominação de origem Dão, como são exemplo os vinhos “Escanção Branco” ou “Status Touriga Nacional”.

O mundo dos vinhos é fascinante e Nelas é um bom local para ficar a conhecer a história dos Vinhos do Dão.

Há muito mais para ver do que o que sugeri.

A terra é rica em restaurantes e o turismo de habitação é de qualidade. Reserve uns dias e fuja da agitação do dia-a-dia. Este verão, por exemplo, deixe a praia para segundo plano e aventure-se nesta Rota. Encontra mais informações acerca da Rota dos Vinhos do Dão em www.rotavinhosdao.pt. Aprecie, delicie-se mas lembre-se: beba com moderação!