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Há Queijo e depois há o verdadeiro Queijo!

Sou fã de Queijo. Não sou especialista, entenda-se, nem muito lá perto. Sou fã. Daquelas pessoas que come e até vai perguntando como se faz e quais as diferenças de uns para os outros, mas no final apenas uma coisa me interessa, afincar-lhe o dente, seja acompanhado de pão ou não.

Já provei alguns queijos ditos famosos, o Camembert e o Roquefort franceses, os italianos Parmigano-Reggiano ou o conhecido Mozzarella di Bufala ou os suíços Gruyère ou o Emmentaler que alguns amigos que por estas terras vivem me apresentaram e que por terras lusas se podem facilmente adquirir num qualquer supermercado. Se são de “confiança” ou “dignos da representação” isso já não sei, mas a verdade é que, e aqui pela Serra da Estrela sabemo-lo muito bem, os ditos “queijos industriais” ou feitos para comercialização, não possuem o sabor genuíno, e isso, meus amigos, é uma grande lastima, mas já lá vamos a essa temática.

 

“O que não falta no mercado é queijo e todos os países têm os seus e defendem com unhas, ou garfo, e dentes o seu produto rotulando-o como sendo o melhor do mundo!”

 

O que não falta no mercado é queijo e todos os países têm os seus e defendem com unhas, ou garfo, e dentes o seu produto rotulando-o como sendo o melhor do mundo! Portugal que é um país pequeno tem dezenas de queijos de Denominação de Origem Protegida (que atesta a genuinidade e qualidade) de vários cantos da nação, todos eles dignos do titulo de “melhor do mundo”. Há o Limiano, o queijo de Serpa, o Queijo da Ilha, o de Cabra Transmontano ou ainda o Terrincho, entre muitos outros, que não vou enumerar aqui porque não vale a pena, até porque eu quero falar apenas de um.

Há um queijo especial. Absolutamente delicioso e que para mim merece o titulo de “melhor queijo do mundo”, pelo menos do meu mundo, dentro da gama de queijos que já provei claro. Um queijo que tanto me delicia na sua componente mole, amanteigada a escorrer do prato, como no seu estado mais duro, que se come em lascas e que arde na língua como pimenta implorando um gole de um bom vinho! Só há um lugar no mundo onde ele é produzido e, como já devem ter reparado, chama-se Queijo Serra da Estrela.

Numa pequena investigação descobri que existem dois tipos de Queijo da Serra da Estrela DOP, o velho e o Serra da Estrela. Ora este último, o Queijo Serra da Estrela é um Queijo curado, de pasta semimole, amanteigada, branca ou ligeiramente amarelada, com poucos ou nenhuns olhos, obtido por esgotamento lento da coalhada após coagulação do leite de ovelha cru, estreme, pela ação do cardo. Já o Queijo Serra da Estrela Velho é um queijo de pasta semidura e extradura, ligeiramente quebradiça, untuosa, de cor alaranjada / acastanhada, com poucos ou nenhuns olhos, obtido por maturação prolongada (no mínimo 120 dias) do primeiro queijo que aqui falamos. Um dos fatores que torna estes queijos únicos, além das mãos cheias de sabedoria que os confecionam, é o leite do qual é feito e que vem de raças muito especiais de ovelhas, são elas as raças Bordaleira Serra da Estrela e/ou Churra Mondegueira.

O Queijo Serra da Estrela DOP mantém a forma tradicional de fabrico e revela características que se atribuem ao leite e, portanto, à forma tradicional de maneio das ovelhas, é aqui que reside a grande diferença entre o verdadeiro Queijo Serra da Estrela DOP e aquele que se encontra nas grandes superfícies comerciais e que, na sua maioria, é confecionado com leite proveniente de Espanha, o que acaba por desvirtuar o sabor.

 

“Quando vim viver para a Serra admito que era daquelas pessoas que dizia gostar de queijo e apreciar o da Serra da Estrela, mas não conhecia o verdadeiro sabor, mais intenso, com personalidade própria que nos faz saborear a serra de um só trago.”

 

Quando vim viver para a Serra admito que era daquelas pessoas que dizia gostar de queijo e apreciar o da Serra da Estrela, mas não conhecia o verdadeiro sabor, mais intenso, com personalidade própria que nos faz saborear a serra de um só trago. “Procura um Queijo diretamente no produtor ou vê se é DOP (Denominação de Origem Protegida)”, disseram-me, e confesso que procuro sempre comer os “caseiros” aqueles que são feitos um pouco na clandestinidade, já que estas coisas da segurança alimentar (que respeito e admito serem importantes), vieram desvirtuar um pouco o sabor original dos produtos que passa, muito, pela forma como são confecionadas e pelo amor que lhes é colocado no manuseio do mesmo.

O uso da Denominação de Origem obriga a que o queijo seja produzido de acordo com as regras estipuladas no caderno de especificações que determina quais as condições de produção de leite, higiene da ordena e conservação do leite e fabrico do produto.

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Quem conhece o verdadeiro sabor do Queijo Serra da Estrela sabe que aquele que se encontra no supermercado não é o melhor representante. Quem por aqui vive tem o seu produtor favorito ou a sua loja de queijos de eleição que garante que aquilo que leva para casa é genuíno, o mesmo se aplicando ao requeijão, sobre o qual um destes dias conversaremos! Eu também tenho o meu produtor e loja favoritos e já dei por mim a discutir animadamente com alguns amigos qual o melhor produtor enquanto comemos um belo queijo, defendendo as nossas escolhas como se de um clube se tratasse. Há discussões também em torno do melhor, se o duro ou o amanteigado. Eu acho que cada um tem a sua época, prefiro o mole na estação mais fria e o duro no verão. E há, ainda, outro motivo de discórdia entre os apreciadores do queijo Serra da Estrela, como o cortar? Há quem retire as cintas que o impedem de colapsar no seu próprio peso de amanteigado deleite, o corte ao meio e o deixe escorrer em todo o seu esplendor pelo prato, outros há, como eu, que preferem retirar um “chapéu” no topo do queijo e ir retirando à colherada o seu delicioso interior até restar apenas uma oca casca. Qual a forma que você prefere?

Tânia Fernandes

Queijo da Serra feito em Celorico da Beira arrecada prémio

É sempre com orgulho que recebemos noticias de reconhecimento dos produtos que por cá são feitos.

Desta vez foi a Cooperativa Agropecuária de Celorico da Beira – COCEBA que viu a distinção na categoria de “Queijo – Produtos Processados” na segunda edição do prémio Intermarché Produção Nacional que premeia projetos agrícolas que se destacam pela sua qualidade e inovação.

Foram 12 os candidatos que chegaram à final e 6 saíram vencedores.

A COCEBA da “Capital do Queijo da Serra da Estrela” conta com 1440 cooperantes, dos quais 20 são produtores de queijo de ovelha curado, sendo que sete deles possuem certificação DOP. Nesta cooperativa são produzidos, todos os anos, entre 150 a 200 toneladas de queijo da região, mas apenas 30% são certificados.

coceba

A COCEBA é uma das mais importantes cooperativas da região, sendo um dos elementos fundamentais na preservação e dinamização das raças autóctones de ovelhas e cabras, fundamentais para a manutenção do ecossistema da Serra da Estrela e para a confecção deste maravilhoso queijo que enche a população da região de orgulho.

É objetivo da COCEBA recuperar e promover um património de elevada importância como é o do Queijo da Serra da Estrela e conta já com lojas nos aeroportos de Lisboa e Porto que servem, igualmente, de cartão de visita da região da Serra da Estrela para aqueles que entram no nosso país.

A cerimónia de entrega do prémio decorreu em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, e contou com a presença da Ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas.

Os vencedores deste concurso terão agora assegurado o escoamento dos produtos durante um ano e a margem será repartida entre o produtor e o Intermarché, estando ainda garantida a visibilidade dos seus projetos e dos seus produtos em diversos meios, incluindo nas superfícies comerciais.

Ainda de destacar a menção honrosa para a “Ervas da Zoé”, uma empresa de Henrique Sancho Manso que saiu de Lisboa com a família para produzir ervas aromáticas biológicas e, Idanha-a-Nova.

Queijo da Serra com certificação internacional

Falemos de queijo que por estas bandas é do melhor que há e não provoca esquecimentos e, por isso, devemos lembrar que o Queijo Serra da Estrela é uma das nossas bandeiras por esse mundo for pela sua textura única, sabor incomparável e qualidade superior.

Hoje trazemos boas notícias, mesmo que o facto já tenha ocorrido há um mês, mas já sabemos que o verão traz destas coisas e o tempo, assim como as notícias, demoram um pouco mais a chegar por alturas do estio.

O que interessa é que se dê a conhecer mais um feito, ou conquista, que os nossos produtores alcancem e de facto esta é digna de se dar a conhecer, desta feita, e como já devem ter desconfiado, relacionada com o queijo e, pois então, devemos parabenizar a Queijaria Artesanal do Ilídio, em Fornos de Algodres!  Recebeu a certificação IFS FOOD, uma certificação Internacional que consiste numa das mais reconhecidas normas de referência para sistemas de qualidade e segurança alimentar a nível internacional, recebendo esta distinção no âmbito de fabrico e embalamento de queijo curado e de requeijão., sendo a primeira empresa de produção de queijo de ovelha da Serra da Estrela a conseguir esta certificação.

A Queijaria Artesanal do Ilídio tem mais de dez anos e fornece queijo de elevada qualidade. Assente na tradição familiar esta queijaria produz queijos de cabra frescos e curados, queijos de ovelha amanteigados e curados, dando seguimento a uma tradição que tem passado de geração em geração. Aqui podemos encontrar queijos de elevada qualidade e que, realmente, refletem a alma e sabor do Queijo Serra da Estrela.

 

Queijo Serra da Estrela é Gourmet com certeza!

Ahhh esse pecado de cor amarelada que se deixa derreter para que as nossas papilas gustativas se deleitem de prazer!

Um dos maiores pecados deste país é nascido e criado na Serra da Estrela. Um prazer que em mais nenhum local do mundo pode ser replicado. Seja barrado no pão, seja acompanhado com tostas ou marmelada, escorrendo deliciosamente das suas cintas, enchendo o prato de um delicioso e pecaminoso creme. Seja aquele mais rijo que se lasca e se aprecia com um bom vinho da região num bailado degustativo dos deuses que nos faz tão felizes! Falo do queijo!

Quem vive por estas bandas sabe reconhecer um bom queijo, e não, não é aquele que se vende nos supermercados nacionais. Falamos daquele Queijo Serra da Estrela que, apesar das muitas restrições a que está sujeito, nasce das mãos de artesãs que insistem, quase teimosamente, em manter abertas as suas explorações familiares. São estas que fazem o verdadeiro Queijo Serra da Estrela. Mas não é acerca destas demandas de preservação das raízes e tradições que me vou dedicar neste pequeno texto. Hoje falamos de Queijo Serra da Estrela, sim, mas acerca de um evento que o enaltece ao nível gourmet!

casa insua

Casa da Ínsua

Tem lugar, já no dia 18 de abril, no hotel Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, a segunda edição do evento “Queijo da Serra da Estrela à Chef”, onde irão participar seis Chefs, mas não falamos de uns Chefs quaisquer, até porque o Queijo Serra da Estrela merece o melhor, falamos de Chefs reconhecidos, alguns mesmo com estrelas Michelin. Falo de Senhores como Albano Lourenço, Francisco Siopa, João Rodrigues, Ljubomir Stanisic, Miguel Laffan e Vicent Farges. E que belo grupo aqui temos! O desafio consiste em promover e valorizar o Queijo Serra da Estrela DOP, e para isso os Chefs irão criar um menu de degustação onde o Queijo será Rei!

Não se pode falar de Queijo Serra da Estrela sem pensarmos em acompanhar o dito com um bom vinho, pelo menos para mim é imperioso, e pelos vistos a organização também o acha já que irá estar presente, neste evento, o sommelier Rodolfo Tristão que irá brindar os convivas presentes com alguns vinhos do Dão que irão harmonizar com os pratos e deliciar os afortunados que tiverem a oportunidade de participar neste evento.

Os responsáveis por este banquete dos sentidos são os senhores da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões que querem, com este tipo de iniciativas, sensibilizar o consumidor final para a importância da certificação do Queijo Serra da Estrela, única garantia da genuinidade do produto, alertando para o facto de este Queijo só poder ser produzido na sua área geográfica, com leite de ovelhas da raça Bordaleira Serra da Estrela ou Churra Mondegueira que pastam nesta região. A mim já me tinham convencido a partir do momento em que me apresentaram um belo, genuíno, amarelo e brilhante, Queijo Serra da Estrela.

Tânia Fernandes