Artigos

Ciclismo de nível internacional nas Beiras

É já nos dias 13, 14 e 15 que sai para a estrada o 1º Grande Prémio Internacional Beiras e Serra da Estrela.

Esta prova está na categoria 2.1 internacional, a mesma categoria da Volta ao Algarve e da Volta a Portugal e vai ser uma ótima oportunidade para vermos grandes atletas do ciclismo na região como José Mendes (Bora-Aragon 18), Sérgio Sousa (Team Vorarlberg) e Edgar Pinto (Skydive Dubai).

Foram ainda convocados cinco ciclistas de equipas de clube portuguesas como João Fernandes e Vítor Valinho (Goldwin-Team José Maria Nicolau), Tiago Ferreira e Rui Oliveira (Liberty Seguros-Carglass) e Venceslau Fernandes (Moreira Congelados-Feira-Biciletas Andrade).

A prova terá a participação de treze equipas, oriundas de sete países. Entre os conjuntos presentes destacam-se duas formações continentais profissionais, a espanhola Caja Rural-Seguros RGA e a britânica One Pro Cycling.

A Seleção Nacional/Liberty Seguros irá participar com um coletivo misto de corredores elite – alguns dos lusos que correm no pelotão internacional – e de atletas das equipas de clube portuguesas.

Vão também alinhar as seis equipas continentais lusas – Efapel, LA Alumínios-Antarte, Louletano-Hospital de Loulé, Rádio Popular-Boavista, Sporting-Tavira e W52-FC Porto -, às quais se juntam as continentais Inteja MMR (República Dominicana), NASR-Dubai (Dubai), Lokosphinx (Rússia) e Amore & Vita (Itália).

Esta é uma prova com três etapas num total de 529,4 km e um perfil montanhoso.

No dia 13 a caravana irá percorrer 145 km entre Pinhel e Vilar Formoso. No dia 14 os ciclistas irão percorrer 198,6 km entre o Sabugal e o Fundão. O dia 14 é reservado À etapa rainha com 194,1 km que levará os ciclistas desde a Guarda até às Penhas da Saúde com o final da etapa a coincidir com a Torre.

A Associação de Municípios da Cova da Beira é a entidade promotora deste evento e pretende que esta se torne uma prova de referência internacional de realização anual, servindo como um dos cartões promocionais da região.

 

Quando o Minho encontra as Beiras

 

Se houvesse uma batalha entre o Minho e as Beiras para escolher qual o melhor, quem venceria?

 

Nascida e criada no Minho. Filha de pessoas nascidas e criadas no Minho. Sou daquelas Minhotas que se enche de orgulho das suas origens.

Há um texto do Miguel Esteves Cardoso que retrata as mulheres do norte falando da sua genuinidade e tempero de extremos, dizendo que as mulheres do Minho “têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança.”

O ano de 2016 marca 15 anos de vivências desta minhota em terras altas de Portugal e lembro-me, perfeitamente, do primeiro dia em que a Guarda me acolheu, como estudante, sozinha do seu mundo de onde nunca tinha saído.

Olho para trás e sei que podia ter sido diferente. Podia não ter gostado das pessoas, que são diferentes dos Minhotos. Podia não me ter adaptado ao longo inverno da serra. Podia ter sentido uma extrema falta do cheiro a eucalipto do Minho, ou da agitação do Vale do Ave. Mas não. As Beiras roubaram-me o coração e soube, desde cedo, que a minha passagem por estas terras não seria de apenas 5 anos.

Ao final destes 15 anos posso fazer um paralelo entre as Beiras e o Minho e perceber como é que um Minhoto, orgulhoso das suas origens, como é tão típico nosso, se rende à serenidade e recato das Beiras.

guimaraes

Palácio dos Duques, Guimarães

O Minho é barulhento, autentico, não tem “papas na língua”, é cheio de vida e tempestade, de um verde que não tem fim e um perfume que só se nota quando saímos e voltamos.

 

Os Minhotos são afáveis, muito afáveis, metediços e impertinentes. Riem com vontade e falam alto. Abraçam quando lhes apetece, como exigem que não lhes roubem o seu espaço pessoal.

 

São fieis. Muito fieis, a exemplo disso temos os aguerridos adeptos de futebol, que amam o seu clube mesmo que este nunca tenha ganho um campeonato, ou, quem não conhece as rivalidades entre bracarenses e vimaranenses?! Não interessa se aquilo que amamos é o pior na sua área, é nosso e não se fala mais nisso.

No Minho “a galinha do vizinho jamais será melhor que a minha”!

serra manuel ferreira

Vista sobre Folgosinho, Gouveia, Serra da Estrela

Falemos agora das Beiras e do seu tranquilo passar dos dias. O sorriso tímido das pessoas. Os Beirões não são dados a grandes festas, mas acolhem com um calor cativante quem os visita. Não são pessoas que falam com fervor das suas conquistas e dos seus amores, mas sabem do seu valor, exemplo disso é a gastronomia.

 

Os Beirões não gritam ao mundo que os seus enchidos e queijo são os melhores. Colocam-nos na mesa, em grande quantidade, (grande quantidade mesmo) e sentam-se connosco.

 

“Veja lá se gosta, fizemos cá em casa, é simples, é simples” (sabendo, já de antemão, que quem os provar não lhes será indiferente), aguardam que seja dada a primeira dentada, e mesmo perante o ar deliciado do convidado, continuam “é caseiro… simples, nada de especial…” – é uma maravilha! Uma maravilha! – “não diga isso é só um enchido que fizemos aqui por casa… nada de especial”. E depois do repasto, quando já não temos estômago para mais: “vá coma lá mais um bocadinho, não comeu nada!” (esta insistência é muito típica do Beirão, e quanto mais avançada for a idade do anfitrião, mais temos de comer, mesmo que já nos saia queijo pelas orelhas).

Os Beirões gostam daquilo que é deles, sabem muito bem o valor dos seus tesouros, no entanto, ao contrário dos Minhotos, não gritam ao mundo nem os exibem. Guardam-nos e mostram a quem acham que merece.

Desenganem-se aqueles que acham que o seu recato não guarda um guerreiro, afinal são filhos de Viriato.

São humildes (às vezes até demais), mas arregaçam as mangas se alguém se atrever a falar mal do que têm. A Serra da Estrela e a região circundante tem gente pura, portugueses genuínos, tímidos, mas resilientes, é terra de grandes líderes e escritores, o que prova o valor destas gentes de ossos e pele enrijecida pelas suas origens serranas, de orgulho recatado, mas que nem por isso deixa de ser orgulho.

Nas Beiras ,“A galinha da vizinha até pode ser melhor que a minha, mas não te atrevas a falar mal da minha galinha!”

Ao final de 15 anos, de coração roubado pelas Beiras e por um Beirão, percebo o porquê de tantos Minhotos se apaixonarem por estas terras de longos invernos. Percebo porque há tantos conterrâneos a gostarem de cá vir, os Beirões e os Minhotos complementam-se.

 

Os Beirões acalmam a tempestade dos minhotos, enquanto que os minhotos os incentivam a formarem as suas próprias tempestades (porque de vez em quando devemos gritar e falar alto)!

 

Hoje sou mãe de um menino que tem nas suas veias sangue Minhoto e Beirão. Crescerá com o coração cheio destas duas vivências e isso, acredito, é um grande presente do destino!

Voltando à questão do inicio. Numa batalha entre o Minho e as Beiras para escolher qual o melhor, quem venceria? É uma batalha que o meu coração já travou. Quem ganhou? Nenhuma das regiões. Ambas se fundiram, porque ambas se complementam perfeitamente!

 

Tânia Fernandes

Fotografia: Manuel Ferreira

 

 

Restaurantes da região em destaque

É sempre um orgulho para as gentes das Beiras verem os seus restaurantes reconhecidos e apreciados pelos visitantes. É um dos nossos melhores cartões de visita!

É, igualmente, sabido que os portugueses no geral adoram comer e, por isso, e de modo a divulgar a boa gastronomia nacional, o jornalista Paulo Salvador, tem andado numa demanda pelo país dando a conhecer alguns dos melhores restaurantes deste nosso jardim à beira mar plantado. Claro que andou aqui pelas Beiras e claro que se maravilhou.

O seu roteiro, intitulado “Mesa Nacional”, uma rúbrica que passava na TVI, sobre os mais surpreendentes restaurantes portugueses chega agora a livro, onde há destaque para alguns restaurantes da região.

mesa nacional

Começamos pelo O Malhadinhas em Vila Nova de Paiva, conhecido pelas suas “únicas trutas de escabeche bem feitas”, apanhadas “no rio mais limpo da Europa, o Paiva”.

Há também destaque ao Restaurante O Sacristão em Campia, Vouzela, onde segundo o jornalista, se podem degustar as tentações da carne de Lafões.

Em Linhares da Beira destaca o Restaurante “Cova da Loba”, onde a D. Alice, mulher de poucas palavras e muita ação, prepara petiscos que nos fazem voar.

Ainda no distrito da Guarda, em Valhelhas, destaca-se o Restaurante Vallécula, “uma casa serrana onde se namora com o que vem para a mesa”.

No Sabugal há outro recanto gastronómico digno de reparo por parte de Paulo Salvador, o Restaurante Zé Nabeiro, no Soito, localizado no epicentro da antiga rota do contrabando raiano, conhecido pela sua iguaria, servida apenas duas vezes por semana e que atrai portugueses e espanhóis, a Canja de Cornos. No Sabugal há ainda destaque para o Restaurante Robalo onde se sente “o chamamento do cabrito”.

Para nós não é novidade. Sabemos que estes restaurantes são de excelente qualidade.

Este é um livro ótimo para quem gosta de andar pelo país à descoberta, servindo de roteiro gastronómico. Já está nas bancas e nasceu de três fatores, segundo o jornalista: uma paixão, um conceito e uma aceitação. A gastronomia, a divulgação de restaurantes onde só se levam os amigos e o entendimento da Direção de Informação da TVI de que este era um produto televisivo original.

O sucesso da rubrica “Mesa Nacional” tem sido tal que, no verão deste ano, foi para o ar a segunda edição e “muitos dos proprietários dos restaurantes retratados viram a sua vida mudar de um dia para o outro”.

Por cá sugiro que façamos as nossas visitas, acompanhados, claro, dos nossos amigos!

Os cinco Castelos mais belos das Beiras

Já devem ter reparado que na Heartbeat temos uma enorme paixão pelas Beiras, seja pela comida, as suas gentes e paisagens, seja pelas suas terras e património histórico.

Por cá gostamos de histórias, de contar experiências e esperar, com isso, que a vossa curiosidade seja espicaçada ao máximo, ao ponto de reservarem nas vossas agendas um dia ou mais, para visitarem os quadros que vos pintamos com palavras.

Reunimos com o intuito de fazer uma lista com algumas das coisas que mais gostamos na região, mas o rol não parava e tivemos de separar por secções.

Tendo em conta que, por aqui, como disse, gostamos de história, decidimos fazer uma lista dos Castelos mais bonitos cá das Beiras. Não foi fácil a tarefa. Implicou alguma discussão, até porque cada um “puxa a brasa à sua sardinha”, mas no final da demanda lá conseguimos reunir um consenso e, embora com algumas birras pelo meio, fizemos uma pequena lista que contempla cinco Castelos que consideramos serem retirados de contos de fadas, lusitanos claro, os mais belos da região!

A lista para escolha é grande e, considerando que nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Viseu contabilizamos 31 edificações, dessas escolhemos 5.

Compreendemos que a nossa lista possa não reunir consenso entre os nossos leitores, o mesmo aconteceu por aqui, mas tivemos de tomar uma decisão e eis os 5 Castelos que, para a HeartBeat, são os mais belos da região:

 

Castelo de Belmonte

castelo belmonte

Esta é a coroa de Belmonte, no distrito de Castelo Branco, um castelo medieval com ligações aos Descobrimentos portugueses e ao Brasil já que os seus alcaides pertenciam ao famoso navegador Pedro Álvares Cabral.

Trata-se de um castelo que possui vários estilos arquitectónicos, com traços românicos, góticos, manuelinos e setecentistas que demonstram as “aventuras” que viveu.

No alto dos seus 650 metros, este castelo vigia a vila e as terras circundantes, com vistas para a Serra da Estrela. Este Castelo está bastante bem conservado e é utilizado para vários eventos, tendo sido construído, no seu interior, um anfiteatro.

 

Castelo de Trancoso

castelo trancoso22

Do alto do seu planalto surge como um soldado protetor da nação.

Em Trancoso é rei e senhor. Lutou estoicamente ao lado dos cristãos contra os muçulmanos pela manutenção das fronteiras da nação. Aqui D. Dinis recebeu por esposa D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa.

Um castelo de estilos românico e gótico, os seus muros são reforçados por cinco torres. É um ponto de referencia turística nas Beiras. Aqui podemos ter uma ideia das batalhas que decorreram na região em tempos idos.

 

Castelo do Sabugal

castelo sabugal2

Este é um dos mais emblemáticos Castelos da região. Conhecido, também, como o Castelo das Cinco Quinas devido ao formato incomum da sua Torre de Menagem.

Domina a povoação e controlava a travessia do rio Côa.

Foi cárcere do poeta Brás Garcia de Mascarenha, célebre pelas suas aventuras.

Aquartelou as tropas inglesas que combateram napoleão. Sofreu as vicissitudes da história, mas hoje ergue-se imponente e é um dos ex-libris da região.

 

Castelo de Sortelha

sortelha11

Numa pequena povoação onde a imaginação é convidada a fluir sem limites encontramos um Castelo que convida a sonhar.

No alto do seu monte vigia as terras que se estendem a seus pés, tão bem entrosado na paisagem e na arquitetura da aldeia que parece ter sido forjado pela própria natureza.

Aqui o mundo estende-se ao nosso olhar e as suas muralhas envolvem a aldeia num abraço protetor.

 

Castelo de Penedono

castelo penedono1

Em Penedono, Distrito de Viseu, encontramos uma pérola medieval que parece saído de um conto de fadas.

Em posição dominante sobre a povoação, este pequeno castelo foi forte e residência senhorial.

Pequeno em estatura mas enorme na capacidade de nos fazer sonhar. A maior atração deste castelo são as vistas que proporcionam do alto dos seus 930 metros em relação ao nível do mar.

Seja qual for o Castelo que prefere, não deixe de o visitar de vez em quando. Leve a família e se tem filhos pequenos aproveite para viver pequenas aventuras recriando batalhas e salvando princesas!

 

Fotografias: Luis Morgado, Espirito viajante, pelaestradafora-maria,  Aldeias Históricas de Portugal.