Quando a Serra se veste de neve
Sei que para muitos esta minha alegria infantil perante a neve deve parecer pateta. Eu sei que até o é, mas não posso controlar.
Cresce em mim uma ansiedade perante a possibilidade de um nevão e vou olhando para a janela de 5 em 5 minutos confirmando se começam a cair os flocos brancos que tanto desejo ver.
Se há alturas em que me questiono acerca do porquê de ter escolhido viver na Serra, aguentando os rigores do inverno, longe da minha família, é quando neva que percebo, claramente, a resposta.
Cada vez que cai um nevão é, para mim, como se a natureza me brindasse com um presente e sou, de novo, uma criança numa manhã de Natal!
Ver nevar é como uma terapia. Uma sensação de paz e euforia, que me liberta a alma e me faz sentir feliz. Não consigo conter o sorriso perante a paisagem pintada de branco, e mesmo que estas contingências da natureza tragam consigo muitos inconvenientes, são para mim males menores, porque o meu coração enche-se perante a beleza que a neve traz consigo.
Lembro-me da primeira vez que vi nevar. Na primeira semana em que vim estudar para a Guarda. Caíam tão pequenos que nem percebi que era neve, e assim que me dei conta do facto, abri um sorriso, levantei a cabeça e apreciei o momento, ali, parada no meio da rua, de nariz no ar, encantada com os flocos que se juntavam, num bailado único.
Deslumbrante.
Foi a primeira vez, e jamais me esquecerei daquela tarde de novembro, porque foi ali, naquele preciso momento, uma semana depois de ter chegado à cidade mais alta, que percebi que seria muito difícil ir-me embora.
Quando neva tudo se transforma, a natureza veste o seu mais belo vestido para ir ao baile. A luz de uma manhã com neve é única, brilhante! E o silêncio que existe à noite depois de um nevão é mágico.
Neve, a vingança do Beirão
A cidade transforma-se num parque de diversões e as pessoas ficam, genuinamente, felizes!
Acho que é isso que mais gosto, esta partilha que só quem por aqui vive tem. É uma espécie de orgulho bairrista. Quando no verão somos “bombardeados”, nas redes sociais, com imagens de pessoas nas praias e de pores do sol à beira mar, ficamos cheios de vontade que chegue o Inverno porque ao primeiro nevão iremos desforrar-nos, com a vantagem, ainda, que a neve está nas nossas varandas e jardins e mesmo a casa mais feia fica deslumbrante com um manto de neve!
Não iremos colocar fotografias sentados numa esplanada a beber uma cerveja, iremos colocar fotografias das batalhas e dos bonecos de neve!
Iremos “atacar” com imagens dos passeios à Serra, das tentativas de fazer ski ou sku, ou snowboard, ou apenas de trambolhões, com caras vermelhas de frio e um sorriso de quem está a ter o melhor momento das suas vidas!
Faremos questão de colocar imagens de pingentes de gelo e do termómetro do carro que aponta temperaturas negativas, “porque o frio aqui é a sério”, não mostramos o bikini, nem os pés na areia, mostramos as botas enterradas na neve e o mais colorido dos gorros, de preferência carregados de neve!
E mostramos porque gostamos tanto de neve: porque é algo que desaparece assim que o sol aqueça, uma dádiva que deve ser aproveitada ao máximo, até porque não temos a certeza de quando voltará a cair!
Em 15 anos de “Serra” pude ver que é algo que ocorre com cada vez menor frequência, e contam as pessoas de cá que “antigamente” nevava muito mais, com nevões que duravam dias!
Atualmente não vemos isso, prova que as alterações climáticas são bem reais, por isso quando neva é como se fosse um dia de festa!
Este ano tivemos poucos nevões, pelo menos até agora e, pela primeira vez, entramos no carro e fomos à descoberta (por onde o carro podia ir), e posso confirmar, aqui, que aqueles que vão numa espécie de corrida desenfreada até à Torre, são uns tontos.
Havendo neve a cotas mais baixas o conselho que dou, para quem quer uma verdadeira experiência de neve na Serra da Estrela, é ir até uma aldeia e explorar a natureza à sua volta. Apreciar a coreografia dos flocos por entre as árvores. Ver a água em cristais transparentes. Deslumbrar-se com a vegetação coberta de neve, assistir à natureza suspensa em luz e serenidade. É entrar num mundo que inspira as histórias de fadas, duendes e princesas de gelo.
Há magia palpável em nosso redor.
Esqueça as pistas de ski, esqueça os locais turísticos!
Não se arrelie com as estradas cortadas para a Torre, mais abaixo é onde a magia acontece.
Aqui a neve é fofa, intocada e não gelo sujo pelos carros e pelas centenas de pessoas que a pisam, com a vantagem de poder entrar num tasco da aldeia e aquecer o corpo com uma bebida quente e os cheiros beirões, sem ter de perder muito tempo dentro do carro!
Foi o que fiz este fim-de-semana, quando levei o meu pequeno de 4 anos a brincar na neve, fomos até um pequeno mundo encantado onde a imaginação foi o principal ator num palco encantado de alvura. Fui construir memórias de inverno, e preparo-me para disparar a minha rajada de fotografias no facebook, porque também mereço a minha pequena desforra!
Tânia Fernandes
Viaje pela Serra da Estrela:
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