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Convento do conforto

Aqui, em Belmonte, onde as terras são batizadas de esperança, há um lugar, um convento, onde somos acolhidos com a simpatia e afago de quem nos recebe na sua casa, como se sua, efetivamente, fosse.

Aqui sentimo-nos confortáveis, e mesmo tratando-se de um convento transformado em Pousada, a austeridade e o rigor religioso há muito que não se sente por estas bandas.

Estamos na terra de Pedro Alvares Cabral, que destas terras frias saiu rumo ao outro lado do mundo, descobrindo o quente Brasil. Belmonte é local de lendas e histórias. Terra que viu muitas culturas, assistiu a muitos rituais e se encheu de alma com essas gentes, tão diferentes entre si, e que tornam este local tão especial.

A Pousada Convento de Belmonte carrega nas suas pedras o peso da história, num edifício que remonta ao séc. XIII, numa arquitetura em anfiteatro, na encosta da Serra da Esperança, que nos abre os horizontes para o Vale do Zêzere e para a Serra da Estrela.

Exterior

Entrados na Pousada é como entrar num lar acolhedor, sensação conseguida não apenas pelo calor da hospitalidade beirã, mas pelo próprio edifício em si que não conserva a austeridade de outrora, apesar de se notar que se respeita as suas origens.

A sensação acolhedora está na pedra, na madeira, no vime e no ferro, assim como nos pontos de luz existentes. A simplicidade dos materiais e a decoração escolhida com zelo, para casar na perfeição com os tons claros e relaxantes de ocre, verde seco, areia, terra e fogo. Aqui a tranquilidade impera, como se espera numa Pousada de montanha, vive-se e respira-se paz.

Sala estar - Capela

Apesar do conforto conseguido com a recuperação estética da Pousada, quem por cá passa não se esquece que este edifício carrega o peso da história nas suas estruturas e sobre as suas fundações está a religião, relembrada através de alguns pormenores como o nome dos de cada um dos 24 quartos existentes na Pousada, nomes de Frades, distintos, sendo a suite conhecida pelo Guardião, nome que se dava ao detentor do Convento.

Quarto Suite

Os quartos são muito acolhedores, lembrando-nos em pequenos pormenores que estamos na Serra, seja na pedra, ou nos detalhes de madeira ou ferro. Dá vontade de por cá ficar a viver!

No Inverno é um local deliciosamente acolhedor, ideal para uma escapadinha romântica ou para uns dias de introspeção. É também indicado para famílias, e no verão a piscina é o local certo para passar umas horas de lazer com uma paisagem magnifica como cenário.

Falemos da comida. Não que haja muito a dizer. Esta é mais uma Pousada do Grupo Pestana e, à semelhança de outros empreendimentos do grupo, respeita-se muito a questão da gastronomia baseada em produtos locais e, claro está, o chef Valdir, que coincidência, ou não, veio do Brasil para a terra de quem descobriu o seu berço, e que mesmo apesar das suas origens mais tropicais, respeita e dá-nos a oportunidade de saborear iguarias maravilhosas confecionadas com produtos locais. Falo do Capuccino de cogumelos com espuma de ervas aromáticas do jardim do Convento ou o Bacalhau lascado em tibórnia de presunto serrano, tomates marinados e ovo a baixa temperatura . Aliás, posso recomendar que visitem o restaurante, mesmo que não pretendam pernoitar na Pousada, se bem que se poderem fazer as duas coisas, esta é o tipo de dobradinha que vale a pena fazer!

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Toda a Pousada Convento de Belmonte tem pequenos recantos e pormenores que nos prendem o olhar.

A palavra que utilizo para este local é a palavra conforto. Em todos os detalhes, seja nos materiais, na decoração ou na luz das suas salas e quartos, somos invadidos por essa sensação de conforto, talvez porque não seja demasiado moderno ou cosmopolita, nem muito rural ou pitoresco. Conseguiram encontrar o equilíbrio perfeito entre dois mundos e por isso é tão especial.

 

 

 

 

Pelos olhos de Linhares da Beira

Majestoso no alto da sua colina, protege os vales aos seus pés.

O Mondego é seu aliado e mesmo que por estes lados os mouros já não façam tremer os seus súbditos, no seu trono há maravilhas que ninguém pode conquistar, apenas desfrutar, apreciar e preservar. Linhares da Beira é especial.

Aqui do alto o pôr do sol é um espetáculo que não se pode perder, e nas manhãs em que a neblina serpenteia lá em baixo, escondendo as povoações e transformando a paisagem num vasto lago intocável, neste trono podemos ser espetadores privilegiados.

Há quem venha até estas terras porque aqui podemos voar como os pássaros. Bem do alto da colina que se ergue atrás de nós. Saltado como águias de asas abertas, para um precipício etéreo que se estende até onde os olhos alcançam. Antes um campo de linho, hoje a Capital do Parapente.

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A história por estas terras é parte integrante da alma das suas gentes porque aqui o tempo parou.

As ruas de pedra contam histórias ao ritmo do nosso caminhar. Quando passeamos por elas, estreitas e misteriosas, sabemos que no final delas o vamos encontrar sumptuoso, ainda majestoso, o castelo de Linhares da Beira.

Linhares da Beira poderia ser como as outras Aldeias Históricas que existem na região da Serra da Estrela. Podia, mas não é. Linhares é misteriosa, queda no seu palrar, obriga-nos a procurar recantos, desvia-nos o olhar enquanto caminhamos, e mesmo que as casas nos pareçam iguais às outras, de tantas aldeias por esta serra, aqui, a cor é diferente. O cheiro e o cantar da água aguça-nos os sentidos e, nos dias gélidos do Inverno rigoroso da Serra, quase podemos ouvir o cantar de donzelas, batalhas milenares e reuniões de nobres senhores que viviam por esta terra que deve o seu nome ao Linho que aqui se cultivava.

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Terra de grandes batalhas que forjaram a nação, defensor dos seus e dos vizinhos.

Na Primavera Linhares da Beira convida pelas suas paisagens. Aqui é possível provar algumas iguarias beirãs e, aqui nesta pequena aldeia, podemos encontrar um dos melhores restaurantes da região, o Cova da Loba onde os sabores tradicionais são apresentados numa ode moderna à gastronomia.

Em Linhares ande a pé. Deixe-se perder, porque a certeza é que se encontrará, seja nas pedras da calçada, seja na água, seja no granito omnipresente, ou no Castelo assente no rochedo, ou na paisagem que se vai alongar a seus pés. Percebe-se porque foi escolhido este pedaço de mundo por tantos povos e cobiçado por tantos outros, aqui a nação estende-se até onde os olhos não conseguem alcançar mais!

 

Fotografia: Aldeias Históricas, Clube Vertical

 

 

 

A velha, este ano, vai estar como nova!

É a feira mais antiga da Península Ibérica, e orgulha-se de o ser, o que não quer dizer que seja velhinha ou caquética, muito pelo contrário, está cada vez mais jovem, inovadora e atrativa.

A Feira de S. Mateus em Viseu já está a dar o que falar e agora que o verão começa a dar ares da sua graça, o que queremos é festa e este é, sem dúvida, um dos maiores e mais esperados eventos da região centro.

Já há nomes e novidades no cartaz da Feira que decorre entre os dias 7 de agosto e 13 de setembro e que atrais milhares de pessoas à cidade de Viriato.

A edição de 2015 quer marcar uma nova fase no certame com algumas alterações que nos levam há 30 anos atrás com a luz a ser o fio condutor na decoração deste ano.

A Feira terá uma nova disposição no que toca às barracas comerciais e restauração e o palco será novo e estará colocado no espelho de água do Rio Paiva tendo a Sé de Viseu como cenário, frente a este estará uma avenida que irá até à Porta de Viriato. Haverá, ainda, passeios nas zonas relvadas junto às margens do rio.

A programação, essa, foi pensada para abranger todo o tipo de público, e é desejo da organização que o certame se torne mais autentico e mais atrativo, feito pela comunidade e para a comunidade.

Há, no entanto, uma maior preocupação com a programação destinada ao público mais jovem, e por isso o programa contempla vários nomes que fazem parte do panorama musical nacional mais jovem. Falamos dos Banda do Mar, Diabo na Cruz, D.A.M.A, Anselmo Ralph, AGIR, João Bota, Slimmy, Azeitonas, Greyhound James Band e Kura, entre outros.

Se não é grande apreciador deste tipo de música, não fique aborrecido, o palco da Feira de S. Mateus vai receber nomes como António Zambujo, Daniela Mercury, Tony Carreira, Pedro Abrunhosa, Xutos e Pontapés e ainda José Cid, além de outros espetáculos como o festival Internacional de Folclore entre outros.

 

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A Feira de S. Mateus tem 623 anos de existência. É velha, velhinha, mas cheia de genica e vontade de viver mais uns 623, pelo menos. Esta feira consegue atrair visitantes de todo o país e além fronteiras e tem atrações para toda a família!

 

 

Tempos idos em arte no Côa

A ideia que ficamos é a de estarmos num bailado, com as montanhas a ondularem numa espécie de magia que só a mãe natureza sabe produzir.

Esculpidas por vinhas e extensos olivais e onde, na primavera, brotam, aos milhões, as flores das amendoeiras, transformando a paisagem numa visão etérea! No fundo o Côa.

No outono, as folhas das vinhas envermelhecem e pintam o quadro cor de fogo. Ao fundo corre, sereno, o rio Côa, que com a sua persistência vai esculpindo a paisagem desde tempos em que o homem não pisava estas terras, o que foi mesmo há muitos milénios, já que esta região sempre atraiu o Homem, e aqui encontramos, ao longo do leito do rio, nas suas rochas de xisto, painéis de arte, com milhares de gravuras legadas pelos nossos antepassados.

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Na região os testemunhos de tempos idos.

Trazem-nos 25.000 anos de tempo, levando-nos numa viagem até ao Paleolítico Superior, com passagens pelo Neolítico e Idade do Ferro, transpondo de rompante dois mil anos de História para firmar na Época Moderna representações religiosas, nomes e datas até há poucas dezenas de anos.
Este espólio ao ar livre foi descoberto no séc. XX, sendo que nos últimos 17 km do rio Côa, com centenas de gravuras do Paleolítico nas suas margens e que se estendem até ao Douro, viriam a pertencer ao primeiro parque arqueológico português, agora incluídos na lista de monumentos do Património da Humanidade da UNESCO.
A arte rupestre não está apenas em cavernas e o Côa é prova disso, e pode ser apreciado no Museu do Côa através de originais de arte móvel, réplicas de painéis e informação interativa fazendo uso da tecnologia digital e também em visitas organizadas ao vale com guias especializados.
O Museu do Côa integra-se na paisagem, como um complemento à mesma, sendo “um gesto forte e afirmativo, mas também subtil, sensível à topografia e dialogante com a paisagem que o recebe”, como se pode ler no site da Fundação do Côa, lá dentro, todo esse universo de arte e mistério que envolve o Côa.

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No Museu os visitantes têm a oportunidade de realizar visitas orientadas a sítios de arte rupestre do Parque Arqueológico do Vale do Côa, como a Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos.

Locais apenas acessíveis por caminhos de terra batida, com visitas feitas em horários onde a luminosidade natural é a ideal de modo a que se possa potenciar ao máximo a sua visualização, sendo que os sítios da Canada do Inferno e da Ribeira de Piscos são visitados apenas durante a manhã. Já os painéis da Penascosa, uma vez que se encontram do lado oposto do rio em relação os restantes lugares, só podem ser visitados de tarde.

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Visitar os sítios onde a arte “vive” pode não ser fácil para algumas pessoas, variando o grau de dificuldade entre os três locais, sendo o da Ribeira de Piscos considerado de dificuldade média com um percurso pedestre exigente e longo, com ligeiros desníveis, e no verão as visitas a estes locais podem ser complicadas devido às temperaturas elevadas que a região experiencia nesta altura do ano.

Os visitantes têm também a oportunidade de fazer uma visita noturna ao sitio de arte rupestre da Penascosa, muito semelhante à experiência diurna, com a oportunidade de ver a arte com recurso a luz artificial que proporciona uma iluminação rasante dos motivos gravados.

Esta visita pretende criar as melhores condições possíveis para uma adequada apreciação da beleza desta arte, com a criação de efeitos de luz e sombra que realçam os motivos gravados, fazendo-os emergir da superfície da rocha, dando a oportunidade de salientar alguns motivos em relação a outros, juntando a isto a mística que só o ambiente noturno pode proporcionar!

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Seja como for, o Museu do Côa merece ser visitado, não apenas pela viagem ao passado que proporciona, mas até pelo edifício em si, exemplo da arquitetura moderna com respeito pela envolvente.

Toda a região é apelativa para um dia de passeio em família, com paisagens deslumbrantes, por algum motivo a Humanidade se foi abeirando por estes lados, deixando a sua marca!

Fotografia: José Paulo Ruas; João Ramba; Mário Reis
Fonte: www.arte-coa.pt

Castelo Rodrigo, a aldeia dourada  

Subimos uma pequena colina porque lá no alto uma pepita de ouro nos espera.

A viagem é curta mas a espectativa é grande. “É muito bonita a aldeia, vais ver que te vai surpreender!”, eu sei que nas Beiras há aldeias, como um pouco por todo o país, bastante pitorescas e interessantes com cantos e recantos que nos deslumbram, “ah mas esta é especial!”, veremos então se é assim tão peculiar.

Chegados à porta de entrada da aldeia começo a perceber o que há ali de tão único.

Não são apenas as construções de pedra que dão personalidade à aldeia.

Entramos por uma pequena porta de estilo medieval, somos recebidos por ruelas estreitas, perfeitamente cuidadas e arrumadas como se de uma sala se tratasse. É primavera e há flores a adornar as fachadas das casas, formando um quadro onde nos queremos perder. À semelhança de muitas das aldeias destas Beiras, a tranquilidade impera e são poucos os habitantes que acolhem quem visita estas terras. Algumas pessoas de mais idade abeiram-se à porta das suas casas e levantam a mão a quem por aqui passa, com um sorriso humilde e sincero de quem agradece a visita e se orgulha da sua aldeia. E podem encher-se de vaidade.

Castelo Rodrigo, no alto da sua colina, vigia as terras lusas e é, verdadeiramente bonita.

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Caminhamos pelas ruas estreitas e poderíamos jurar estar a passear por um pequeno jardim.

Com cantos e recantos a cada esquina e muitos fantasmas a acompanhar os nossos passos, como só aldeias iguais a esta, com tamanha riqueza histórica podem ter. Por cá passaram reis, soldados e peregrinos. Heróis e traidores. Religiosos e donzelas. Contos e lendas, estórias da história que fazem estas gentes e povoam de misticismo as ruas, as casas e as pedras da aldeia de Castelo Rodrigo.

Caminhei tranquilamente pelas ruas de ocre luminoso. Observei as casas numa arquitetura delicadamente recuperada. Faz parte das Aldeias Históricas, e é um deslumbre. Subimos as ruas e vimos a igreja matriz, lá perto as ruínas de um palácio mandado construir por Cristóvão de Moura, que se dava bem com os Felipes do outro lado da fronteira e que findo o domínio espanhol também se findou o palácio às mãos do povo cujo coração, apesar de alguns tropeções no passado, já se tinha rendido à alma lusitana. Restam as ruínas desse edifício que enchem de um fantasmagórico fascínio esta parte da aldeia.

São belas estas ruínas e criam um ambiente único, quase teatral, que atrai os visitantes e os faz sonhar.

Há muito para ver nesta pequena aldeia amuralhada, parte do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda. A miscelânea de estilos na construção dos seus edifícios, uns manuelinos, outros árabes, pincelados de estilo romano, marcas de quem por aqui passou, se instalou e seguiu pelas páginas da história que forjou a nação e que marcou as terras e as gentes da região da fronteira. Para ver, apreciar e incluir em sonhos, a igreja-matriz do séc. XIII e Igreja e Convento de Santa Maria de Aguiar e ainda o Poço-Cisterna.

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O dia passa rápido e ao anoitecer, quando o sol se aproxima do ocaso, a luz dourada dos seus raios ilumina de ouro a aldeia que resplandece como uma arca do tesouro.

A luz é uma presença constante na aldeia, e mesmo na hora do lusco-fusco ela nos presentei com uma Castelo Rodrigo nova, envolta de mistério. Nos pontos mais altos da aldeia temos vista até ao fim do mundo e o pôr do sol é um espetáculo oferecido pelos deuses.

 

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“Então o que te parece a aldeia? Tinha ou não tinha razão?”

Sei que estes povoados foram edificados no topo das colinas como estratégia de defesa, já que do alto se conseguiam mirar os inimigos, mas gosto de pensar que quem o fez, fê-lo porque no final do dia, quando o sol beija as montanhas ao longe, o tempo para apenas para nós que temos o privilégio de estar aqui, no alto deste pedaço de terra pintado de ouro.

Fotografia: www.aldeiashistoricasdeportugal.com

As 50 sombras de cerejas

Elas já aí andam, vermelhas, gordas, estaladiças, a atiçar o nosso paladar com a sua, quase pecaminosa, doçura.

Lustrosas, luxuriantes, andam aos pares e repousam às portas de mercearias, em supermercados e nas bermas da estrada, atraindo quem passa e não lhes consegue resistir. É impossível comer apenas uma, e quem vai apenas provar, acaba por trazer uma caixa para casa. As belas e redondas cerejas estão de volta, e o Fundão, terra sua por excelência, já se está a preparar para celebrar o seu fruto favorito!

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É já de 12 a 14 de junho que Alcongosta, no Fundão, promove a Festa da Cereja. Haverá live-cookings com os Chefes Benoit Sinthon, Miguel Laffan, Henrique Sá Pessoa, Vincent Farges, António Melgão e com a Escola Profissional do Fundão. Por cá não se esquecem dos mais pequenos, com os Ateliês Chefes de Palmo e Meio. A música também vai estar presente com concertos de Anafaia, The Soaked Lam e Tuna Académica Sénior do Fundão. Ao longo dos dias da Festa os visitantes poderão encontrar várias tasquinhas, animação e artesanato e, claro, muitas cerejas!

A cereja é rainha deste evento e, por isso, se é fã do fruto o melhor mesmo é não perder esta festa onde poderá conhecer muitas formas de confecionar o fruto e as suas aplicações fora do mundo gastronómico, as mil facetas da cereja, as suas múltiplas personalidades.

No Fundão têm surgido muitas ideias em torno das cerejas, como os Bombons ou os Pastéis de Cereja, mas não se ficam por aqui, em breve será apresentado o enchido de Cereja e já há no mercado sabonetes de cereja.

Todo um mundo suculento e deliciosamente carmim nos espera entre os dias 12 e 14 de junho, em Alcongosta no Fundão, deixe-se levar pela Gula, afinal há pecados que valem a pena ser cometidos!

Continue a degustar as cerejas:

https://heartbeat.pt/cereja-bolo/

https://heartbeat.pt/chourica-cereja/

 

Oh Meu Deus! Pelo desafio do trail!

Oh Meu Deus é já este fim-de-semana!

Preparem as sapatilhas, os calções e a adrenalina. Força nas pernas e vamos lá, temos 100 milhas, que é como quem diz, quase 161 km, para correr, e que corrida nos espera!! Vamos lá até ao maior Ultra Trail de Portugal Continental, que decorre na Serra da Estrela!

O nome desta prova diz tudo: Oh Meu Deus! Porquê este nome? Ora, são 100 milhas por entre a Serra que, garantidamente, irão arrancar muitos “Oh Meu Deus” aos participantes, alguns dos quais, frente aos desafios, apostamos, irão ter interjeições do tipo, “Oh Diabo”.

Está visto que esta prova não é para fracos, mas também já sabemos que, dos fracos não reza a história, e a verdade é que quem arrisca participar neste ultra trail é já, à partida, um corajoso!

É uma das provas mais desafiantes do país devido às características geográficas irregulares do terreno, à altitude e amplitudes térmicas.

Esperam pelos participantes um sem número de dificuldades que colocarão à prova os limites de cada um e é isso que torna esta prova tão especial!

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O grande objetivo nesta prova, para grande parte dos participantes, não está em chegar em primeiro lugar, mas sim, em conseguir terminar, sinónimo que se venceu a montanha!

São cinco os desafios apresentados aos participantes, todos com saída junto à Câmara Municipal de Seia.

O desafio mais simples é a Caminhada, com uma distância entre os 8 e os 10km e tem lugar no dia 6, sábado.

A organização apresenta ainda mais quatro desafios neste ultra trail, o primeiro com cerca de 20 km, também com inicio no dia 6 de junho e com uma duração prevista de 8 horas, o segundo também a sair frente à CM de Seia a prova K70, com mais de 70 km e com uma duração prevista de 16 horas. Ainda as provas mais desafiantes, com inicio no dia 5 de junho, sexta-feira, a K100 com mais de 100 km e que tem uma duração prevista de 26 horas e a prova mais “Oh Meu Deus!”, que para muitos será mais “Deus me livre!”, a K100 milhas+ que, traduzida para metros, tem qualquer coisa como 161 km e uma duração prevista de 46 horas!

São já cinco anos de prova e esta será a Gold Edition, contando com a participação de atletas que, mais uma vez, voltam para tentar vencer a Serra.

Nesta quinta edição há algumas novidades, já que este ano não haverá apenas três lugares no pódio, mas sim cinco. Cada prova terá 10 vencedores, cinco masculinos e cinco femininos, com prémios que pretendem transparecer a resistência e a flexibilidade, a capacidade de adaptação e a lealdade que os atletas têm ao OMD e à Serra da Estrela.

Esta é uma das provas mais desafiantes do panorama desportivo nacional, e é uma boa forma de promoção da região, revelando o seu potencial para o desporto de resistência.

 

 

Paremos para um Folgosinho de ar!

Subimos a Serra por entre estradas sinuosas, envoltas numa paisagem deslumbrante. Paramos para um Folgosinho de ar.

Pelo caminho, em dias solarengos, conseguimos que o nosso olhar alcance terras do Douro.

Continuamos a nossa viagem, passando por uma ou outra aldeia no sopé norte da Serra da Estrela. Gouveia já ficou para trás e ao fundo podemos ver Fornos de Algodres e Celorico da Beira. Somos forçados a parar, a estrada foi invadida, afinal por aqui o trafego por vezes é intenso, e as ovelhas têm prioridade nestes caminhos.

Conduzidas por um Pastor de capa ao ombro que, mesmo em dia de calor, a segura por uma mão calejada enquanto que a outra palmeia o caminho com ajuda de um cajado que, a par de um ou dois cães de raça Serra da Estrela, lhe faz companhia durante os dias e o ajuda a conduzir o seu rebanho pelos pastos da Serra.

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Chegamos ao nosso destino. Uma pequena aldeia na Serra. Os caminhos são estreitos e um dos primeiros edifícios que nos acolhe é a Igreja Matriz. Pequena e singela, humilde na traça mas calorosa em fé. Envolvida por um Adro onde as pessoas da aldeia se encontram e passam parte do seu dia, este Adro é a sala de estar do povo, rodeado de árvores frondosas que proporcionam uma apetitosa sombra em dias de calor, e mesmo despidas no Inverno, ornamentadas de neve, este pequeno espaço central na aldeia é o local mais convidativo e onde todos os caminhos embocam. Passamos o Adro e vemos a capela que acolhe os santos e as almas.

Todas as aldeias têm a sua capela, faz parte das suas gentes e tradições e é por causa dela e da sua Santa que todos os anos, no primeiro fim-de-semana de Setembro a aldeia se veste de festa e durante três dias.

Os filhos desta terra reencontram-se entre abraços de saudade e orações de fé. A Nossa Senhora do Socorro ajuda os seus filhos e estas gentes agradecem-lhe, pelas mãos de cada geração, com uma celebração que, mais que de fé, é de reencontro.

Seguimos pelos caminhos, numa espécie de altar, como que a velar por todos os que por estes lados passam, está uma espécie de Posto de vigia, O Castelo. Pode não ser um Castelo ostensivo, com grandes torres ou muralhas, mas defendeu estas terras dos mouros e protegeu as suas gentes dos ataques do inimigo.

Reza a lenda que nestas terras nasceu Viriato, o destemido lusitano. Anos mais tarde a terra terá sido visitada por El-Rei em pessoa, não se sabe ao certo de D. Afonso Henriques se o seu filho D. Sancho I. Mas seja como for, a aldeia no meio das pedras terá sido visitada pela mais alta figura nacional, que aqui terá descansado, aquando das suas batalhas com os mouros, bebido das águas puras de uma fonte que terá nascido milagrosamente, e nesta aldeia terá dito aos seus soldados para tomarem um Folgosinho do ar mais puro que encontrara.

O Castelo, posto de vigia, ou miradouro, permaneceu por cá, já não defende as gentes lusas, mas proporciona a quem o visita, vistas únicas, uma paisagem que de tão deslumbrante nos tira o ar, e nos força a tomar um Folgosinho.

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Esta é uma aldeia de fortes costumes, com uma história secular riquíssima, sendo que durante séculos fora uma das principais povoações do reino. Por cá passaram reis, senhores da corte e conspirações já no séc. XX.

Hoje passam por cá turistas. Milhares de turistas durante o ano. Será, a par de aldeias como o Sabugueiro ou o Piódão, a aldeia mais visitada da Serra da Estrela. Não apenas pelas suas casas de pedra, ou as suas ruelas irregulares, pelo seu Castelo, ou pelas paisagens deslumbrantes, mas por um local que começou como uma pequena tasca. Nesta pequena tasca, comandada pelas mãos do Sr. Albertino e da Sr. Emília, os petiscos gastronómicos da Serra ganharam louvores tais que cá acorrem, a este que agora já não é uma tasca, mas um verdadeiro empreendimento de Turismo Rural, mais conhecido pelo seu Restaurante, “O Albertino”, milhares de pessoas ao longo de todo o ano. Imortalizado pelos seus cinco pratos que fazem as delicias dos visitantes.

Aqui a gastronomia serrana é rainha e os produtos locais são uma prioridade.

As receitas têm muitos anos, mantendo-se praticamente inalteradas e confecionadas por gentes de cá, que lhes conhecem os segredos. Não é luxuoso “O Albertino”, mas também não é luxo que os visitantes procuram, aqui o que se quer é aquilo que se recebe, genuinidade, sabor e muita simpatia, à boa maneira beirã.

No final do repasto composto por cinco pratos o melhor mesmo é caminhar pela aldeia, comecemos por fazê-lo a pé, para ajudar a fazer a digestão, e se nos dias mais quentes não adormecer numa sombra, ou se no inverno não se refugiar à lareira de uma das casas de turismo rural que aqui existem, deixe-se levar pelas ruas, na companhia de alguns cursos de água que serpenteiam por lá, delicie-se com as muitas fontes que por aqui existem, e reflita nos seus dizeres. “Água e mulher só boa se quer”, “Oh Fonte dos limos verdes, que me dera a tua sina, és velhinha e nunca perdes o teu palrar de menina”, estes são apenas alguns dos dizeres que encontrará nas fontes da aldeia.

Se se sentir capaz de aventuras aconselho a que pegue no carro e se embrenhe na serra. Suba pelas estradas que levam à parte desabitada da aldeia. Aqui a Serra da Estrela irá desvendar-lhe paisagens deslumbrantes onde se quererá perder.

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Folgosinho é uma das aldeias mais conhecidas da Serra da Estrela, e quem a visita sabe porquê.

Não é apenas pelas paisagens nem pela boa comida. É pela senhora de lenço negro que se deixa aquecer pelo sol no Adro. É pelos velhotes que jogam às cartas frente ao restaurante. É pelas ovelhas acompanhadas do seu pastor e do seu fiel amigo. É pela bucólica paz que a envolve, pelas suas tradições e pelas memórias que guarda e que proporciona.

Pode estar a ficar despovoada de quem a cuide durante os dias, mas enche-se de calor com os seus filhos que todos os anos retornam e que teimam em fazer com que a sua alma perdure mais uns séculos, e ao fim-de-semana, seja de verão seja de inverno, enche-se de gentes que vêm de todos os cantos do país, e não só, levando as suas lendas e espalhando-as por todas as partes, levando os seus sabores e ansiando voltar o quanto antes. E mesmo que a subida seja dura, sabe-se que aqui, no alto da serra, numa terra construída no meio das pedras brancas, se poderá sempre tomar um Folgosinho de ar!

Fotografia: Manuel Ferreira Fotografia

Motocross está de volta à Serra

O barulho do motor. Duas rodas na pista de terra num percurso de cortar a respiração.

A adrenalina ao rubro por entre os participantes e por entre quem esperou todo o ano para assistir à prova onde o pó é parte integrante da magia. O Motocross está de volta à Serra, com o Crossódromo das Lajes a receber a prova portuguesa do Campeonato Europeu de Motocross 65/85 nos dias 27 e 28 de junho, juntamente com a última prova do Campeonato Nacional de Motocross nas categorias de MX1, MX2 e Elite.

Esta prova atrai centenas de pessoas a Fernão Joanes, uma freguesia do concelho da Guarda que aposta na dinamização de eventos ao longo de todo o ano graças ao trabalho da sua Associação Cultural e Recreativa.

Dois cavalos invadem a região

É já neste fim-de-semana que a região vai receber uma visita muito especial. Vamos ser invadidos pelos dois cavalos.

Não daqueles que relincham e cavalgam. Mas sim daqueles que fazem a delícia dos aficionados, os dois cavalos do mundo automobilista, não relincham, nem fazem pinotes, mas convidam a grandes passeios, e desta feita, a cidade da Guarda e a região envolvente, foram os escolhidos para mais um encontro de sócios do Clube de 2CV do Porto.

O périplo irá ter início por terras de Gouveia com visita a Vale de Rossim e almoço num restaurante de Folgosinho. Seguem para paisagens de Linhares e Celorico da Beira e terminando o primeiro dia na cidade mais alta.

O segundo dia amanhece com um passeio até ao Sabugal onde os 2CV irão visitar a Aldeia Histórica de Sortelha, com almoço num restaurante em Casteleiro. Os cerca de 40 participantes irão rumar até à terra de Pedro Álvares Cabral, Belmonte. Regressam á Guarda no final do dia, sendo que o domingo foi reservado para que os 2CV conheçam melhor a cidade de D. Sancho I.

O 2CV nasceu em 1935, com a intenção de ser um veículo para as classes menos abastadas que precisavam de um carro barato mas durável e robusto.

O caderno de encargos da sua construção era bastante simples, o carro deveria transportar duas pessoas e 50kg de barragens, atingir os 60km/h, consumindo o mínimo de gasolina, ser capaz de passar por bons e mais caminhos e ser confortável. Ora o que para a altura era uma situação prática, hoje é o conjunto de especificações que garantem passeios de qualidade e oportunidades únicas de conhecer o país! Foi considerado o automóvel ideal para a aventura e a mística ainda perdura nos nossos dias!

Desde o primeiro modelo que o Citroën 2CV foi sofrendo algumas alterações sem, no entanto, perder a sua silhueta característica que acaba por ser a imagem de marca do 2cv. Recentemente o 2CV foi revisitado com a introdução no mercado de novos modelos, mais modernos, adaptados à realidade contemporânea, como o VW Beetle, Mini Cooper e o Fiat 500, no entanto deixa algumas reticencias nos entusiastas do 2CV.

O 2CV está no imaginário de todos uma vez que é um dos carros mais importantes e icónicos da indústria automóvel.

Foi sido parte integrante de muitas famílias por esse mundo fora. Portugal não é exceção e existem alguns grupos que se dedicam a manter viva esta paixão, ajudando a conservar e preservar estes automóveis que já são parte da história da humanidade. Este fim-de-semana teremos a oportunidade de os ver a passearem pelas estradas da região, reavivando as memórias de muitos e aguçando a curiosidade de todos!