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Rota – Caminhar na companhia do Côa

Vamos caminhar. Andar com determinação descontraída porque a paisagem e a demanda da Rota assim exigem. Desfrutemos do que a natureza nos oferece e deixemo-nos caminhar.

Hoje vamos até ao Sabugal por Meandros do Côa, começamos o nosso percurso junto ao rio Côa, atravessando-o por um velho pontão paralelo à nova ponte. Espera-nos a ribeira da Paiã que, depois de passada, num recanto repleto de testemunhos do passado com ancestrais construções de pedra para aproveitamento das águas, sobe até Quintas de S. Bartolomeu.

Por esta rota podemos apreciar o frondoso carvalhal.

Respiremos.

Vamos descendo até ao rio, por entre esses carvalhais e pinhais, por onde, de quando em vez, podemos ver o vale no seu magnifico esplendor.

Seguimos até aos abandonados Moinhos dos Margaridos, votados, há décadas, à tranquilidade dos dias e é essa a sensação que nos transmitem.

O trilho ladeia o rio coberto por um teto de uma floresta luxuriante de enormes freixos, amieiros, salgueiros, carvalhos e castanheiros. Paremos para apreciar o que nos rodeia. Aqui somos votados a olhar para cima e apreciar este cenário pela natureza forjado. Admiremos os açudes e moinhos abandonados e, até quem sabe, tenhamos a sorte de assistir a brincadeiras das lontras que por aqui vivem na companhia de patos-reais.

Chegados aos Moinhos da Volta a paisagem muda, torna-se mais ampla, com a manta recortada de hortas e pastagens que anunciam o regresso ao Sabugal.

Esta é a proposta do roteiro Pr1, uma rota com a duração de 3 horas, ou mais, se aproveitar para apreciar o que o envolve.

É um percurso de grau fácil, numa distância de cerca de 10 km, subindo a uma altitude máxima de 784m.

Uma pequena rota circular que nos mostra o ambiente que se vive junto ao rio Côa, dando-nos a conhecer um pouco da essência deste rio que nasce na Serra das Mesas, perto da aldeia de Fóios, junto à fronteira com Espanha.

É no Sabugal que ele muda, subitamente, o seu percurso e corre nos seus 130km de extensão até ao rio Douro, próximo de Foz Côa. Nestas rotas junto ao Côa a sensação é a de se estar num local remoto e selvagem onde somos inundados por sons, cores e cheiros que nos invadem os sentidos. Percursos que podem ser visitados em qualquer estação do ano, pois cada uma revela uma beleza diferente.

 

 

Tempos idos em arte no Côa

A ideia que ficamos é a de estarmos num bailado, com as montanhas a ondularem numa espécie de magia que só a mãe natureza sabe produzir.

Esculpidas por vinhas e extensos olivais e onde, na primavera, brotam, aos milhões, as flores das amendoeiras, transformando a paisagem numa visão etérea! No fundo o Côa.

No outono, as folhas das vinhas envermelhecem e pintam o quadro cor de fogo. Ao fundo corre, sereno, o rio Côa, que com a sua persistência vai esculpindo a paisagem desde tempos em que o homem não pisava estas terras, o que foi mesmo há muitos milénios, já que esta região sempre atraiu o Homem, e aqui encontramos, ao longo do leito do rio, nas suas rochas de xisto, painéis de arte, com milhares de gravuras legadas pelos nossos antepassados.

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Na região os testemunhos de tempos idos.

Trazem-nos 25.000 anos de tempo, levando-nos numa viagem até ao Paleolítico Superior, com passagens pelo Neolítico e Idade do Ferro, transpondo de rompante dois mil anos de História para firmar na Época Moderna representações religiosas, nomes e datas até há poucas dezenas de anos.
Este espólio ao ar livre foi descoberto no séc. XX, sendo que nos últimos 17 km do rio Côa, com centenas de gravuras do Paleolítico nas suas margens e que se estendem até ao Douro, viriam a pertencer ao primeiro parque arqueológico português, agora incluídos na lista de monumentos do Património da Humanidade da UNESCO.
A arte rupestre não está apenas em cavernas e o Côa é prova disso, e pode ser apreciado no Museu do Côa através de originais de arte móvel, réplicas de painéis e informação interativa fazendo uso da tecnologia digital e também em visitas organizadas ao vale com guias especializados.
O Museu do Côa integra-se na paisagem, como um complemento à mesma, sendo “um gesto forte e afirmativo, mas também subtil, sensível à topografia e dialogante com a paisagem que o recebe”, como se pode ler no site da Fundação do Côa, lá dentro, todo esse universo de arte e mistério que envolve o Côa.

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No Museu os visitantes têm a oportunidade de realizar visitas orientadas a sítios de arte rupestre do Parque Arqueológico do Vale do Côa, como a Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos.

Locais apenas acessíveis por caminhos de terra batida, com visitas feitas em horários onde a luminosidade natural é a ideal de modo a que se possa potenciar ao máximo a sua visualização, sendo que os sítios da Canada do Inferno e da Ribeira de Piscos são visitados apenas durante a manhã. Já os painéis da Penascosa, uma vez que se encontram do lado oposto do rio em relação os restantes lugares, só podem ser visitados de tarde.

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Visitar os sítios onde a arte “vive” pode não ser fácil para algumas pessoas, variando o grau de dificuldade entre os três locais, sendo o da Ribeira de Piscos considerado de dificuldade média com um percurso pedestre exigente e longo, com ligeiros desníveis, e no verão as visitas a estes locais podem ser complicadas devido às temperaturas elevadas que a região experiencia nesta altura do ano.

Os visitantes têm também a oportunidade de fazer uma visita noturna ao sitio de arte rupestre da Penascosa, muito semelhante à experiência diurna, com a oportunidade de ver a arte com recurso a luz artificial que proporciona uma iluminação rasante dos motivos gravados.

Esta visita pretende criar as melhores condições possíveis para uma adequada apreciação da beleza desta arte, com a criação de efeitos de luz e sombra que realçam os motivos gravados, fazendo-os emergir da superfície da rocha, dando a oportunidade de salientar alguns motivos em relação a outros, juntando a isto a mística que só o ambiente noturno pode proporcionar!

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Seja como for, o Museu do Côa merece ser visitado, não apenas pela viagem ao passado que proporciona, mas até pelo edifício em si, exemplo da arquitetura moderna com respeito pela envolvente.

Toda a região é apelativa para um dia de passeio em família, com paisagens deslumbrantes, por algum motivo a Humanidade se foi abeirando por estes lados, deixando a sua marca!

Fotografia: José Paulo Ruas; João Ramba; Mário Reis
Fonte: www.arte-coa.pt