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O Balido na Serra é de ouro!

Ovelhas. Fofas cheias de lã e balidos que ecoam nas serras ao ritmo dos chocalhos que carregam, de passos marcados pelo pastor que as guia pelas encostas.

Ovelhas e cabras que não são apenas elementos do quadro pitoresco que forma a natureza animal da Serra da Estrela.

Estes animais são mais do que imagens bucólicas de turistas e balidos perdidos na Serra. São parte integrante da cultura e, direta ou indiretamente, marcam a história e tradições das gentes de cá, seja na gastronomia na arte ou no quotidiano das suas vidas, e são-no desde tempos imemoráveis.

Por cá andavam em rebanhos, contadas às centenas. Sustento das gentes. Seguiam em ritmo sazonal contribuindo para a mistura de culturas, saberes e sabores entre regiões deste tão pequeno, mas tão enorme, Portugal.

Quando o estio se instalava e o sol queimava, secando os pastos que alimentavam os rebanhos, os seus pastores rumavam serra acima em busca dos pastos verdejantes protegidos pelas temperaturas mais amenas e, assim, alimentavam os seus animais.

Com eles viajavam, igualmente, as suas culturas, linguajares, tradições e saberes, promovendo a uniformização entre os diferentes povos que calcorreavam os terrenos unindo as planícies a norte do rio Tejo, passando pela Serra da Gardunha até à Serra da Estrela.

Quando o frio começava a apertar na Serra os pastores faziam o caminho inverso, repetindo-se a mesma troca de saberes.

Esta é a base de uma riqueza tremenda na região em torno da transumância, com as populações a não deixarem esmorecer as tradições e celebrando estas trocas e apostando nelas como fator de atratividade turística, afinal temos os melhores pratos à base de cabrito. Temos produtos únicos como o Burel que tem sido reinventado graças ao esforço de alguns empresários da região que demonstram a versatilidade e potencialidades deste tecido ou os cobertores de papa.

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Há festas dedicadas à transumância que se destacam no panorama cultural da região da Serra da Estrela como a que ocorre em Fernão Joanes, freguesia do concelho da Guarda, no inicio do verão, com visitas pedestres pelos caminhos que os pastores percorriam e que servem de pretexto para visitarem a região e darem a conhecer as suas gentes e tradições e que incluía, este ano, um acampamento nas Txoças (cabanas onde dormiam os pastores).

Outra das festas maiores em torno da Transumância é a que se realiza em Alpedrinha no Fundão. A Festa dos Chocalhos decorre em meados de setembro e atrai milhares de pessoas a esta freguesia, transformando as ruas num enorme palco em festa onde os visitantes têm a oportunidade de conhecer os trejeitos e tradições locais com muita música e gastronomia à mistura.

As ovelhas e as cabras são, portanto, mais que simples animais ou fontes de alimento por estas bandas. São parte integrante da história destas gentes, existem em diversos aspetos das suas vidas e estão cá para ficar, pelo menos enquanto houver gente que, teimosamente, e ainda bem, insista no pastoreio. Quanto aos turistas, o nosso conselho vai para que fechem os olhos e se deixem levar pelo ritmo do chocalhar e dos cascos que percorrem a montanha.

No Fundão come-se bem!

Nesta vida existem muitos pecados.

Consta que são sete os mortais e, quem pela Serra passa ou vive não consegue controlar um dos sete pecados em especial – o da Gula.

A culpa não é da nossa incapacidade de controlar o ímpeto de fincar o dente nas coisas deliciosas que por aqui há.

A culpa é delas mesmas, desses petiscos pecaminosos! E sabem o que mais? Deixemo-nos ceder à Gula, até porque com Festivais Gastronómicos como o que vai decorrer no Fundão a partir do dia 4 e até ao dia 20 de setembro não dá mesmo para controlar o apetite nem para dominar dietas. Aliás, que se danem as dietas e se no final acabarmos no inferno ao menos vamos consolados!

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“Aqui come-se bem” é o nome do Festival dedicado aos sabores da Transumância que é como quem diz, dedicado a comida muito, mas muito boa, e ainda por cima feitos por quem é perito na arte das panelas!

Neste Festival vão participar 21 restaurantes do concelho do Fundão, como o Restaurante As Tílias, Boguinhas, Cantinho dos Grelhados, Hermínia, Marisqueira Bela Vista, Moagem D’Avó, O Alambique, O Beiral, O Eclipse, Snack-Bar Sitio Vale, todos estes no Fundão. Mas há mais por este concelho fora como o Fiado Restaurante na freguesia de Janeiro de Cima, O Lagarto em Castelo Novo, Gruta da Beira, calhambeque, O Mário e o papas e Migas em Alcaria, em Alpedrinha pode visitar o restaurante Cerejal, e em Pêro Viseu o Casa da Eira, participam ainda os restaurantes Martinho no Salgueiral, O Fernandes em telhado e o Pipo em Souto da Casa.

Este Festival Gastronómico não é um Festival comum.

A regra é que sejam criados ou recriados pratos típicos regionais ligados à Transumância e, para este ano, a organização tem uma inovação: o Passaporte Gastronómico que é o convite perfeito para este roteiro gastronómico e que faz com que ao deliciar-se com os pratos regionais ainda ganhe vantagens.

Cada cliente tem direito a um carimbo que lhe dá acesso a vários descontos e ofertas. Por exemplo, na primeira refeição terá direito ao seu passaporte e ao primeiro carimbo que lhe dará acesso a um desconto de 25% nas atividades de aventura do Parque do Convento (aqui poderá queimar as calorias que acumulou nos repastos), o segundo carimbo dar-lhe-á um desconto de 5€ no aluguer de segway (porque isto de comer bem pode dar preguiça e este veículo sempre ajuda na deslocação). Ao terceiro carimbo ganhará um carimbo que lhe garante 30% de desconto em compras no Posto de Turismo do Fundão (pode começar já a pensar nas lembranças para oferecer no Natal àqueles amigos do litoral). Ao quarto carimbo garante 5% de desconto na próxima refeição. Ao quinto ganha um cabaz com produtos regionais do Clube de Produtores do Fundão.

Com 3 carimbos de Festivais Gastronómicos e de Restaurantes distintos (no mínimo 2), ganha um fim-de-semana de alojamento nas Casas da Mina – Hostel, com pequeno-almoço incluído para 4 pessoas.

Se há motivos para cedermos ao pecado, este é um dos melhores. O verão está a acabar, despeça-se dele de barriga cheia!