Artigos

Tempos idos em arte no Côa

A ideia que ficamos é a de estarmos num bailado, com as montanhas a ondularem numa espécie de magia que só a mãe natureza sabe produzir.

Esculpidas por vinhas e extensos olivais e onde, na primavera, brotam, aos milhões, as flores das amendoeiras, transformando a paisagem numa visão etérea! No fundo o Côa.

No outono, as folhas das vinhas envermelhecem e pintam o quadro cor de fogo. Ao fundo corre, sereno, o rio Côa, que com a sua persistência vai esculpindo a paisagem desde tempos em que o homem não pisava estas terras, o que foi mesmo há muitos milénios, já que esta região sempre atraiu o Homem, e aqui encontramos, ao longo do leito do rio, nas suas rochas de xisto, painéis de arte, com milhares de gravuras legadas pelos nossos antepassados.

2589.pt

Na região os testemunhos de tempos idos.

Trazem-nos 25.000 anos de tempo, levando-nos numa viagem até ao Paleolítico Superior, com passagens pelo Neolítico e Idade do Ferro, transpondo de rompante dois mil anos de História para firmar na Época Moderna representações religiosas, nomes e datas até há poucas dezenas de anos.
Este espólio ao ar livre foi descoberto no séc. XX, sendo que nos últimos 17 km do rio Côa, com centenas de gravuras do Paleolítico nas suas margens e que se estendem até ao Douro, viriam a pertencer ao primeiro parque arqueológico português, agora incluídos na lista de monumentos do Património da Humanidade da UNESCO.
A arte rupestre não está apenas em cavernas e o Côa é prova disso, e pode ser apreciado no Museu do Côa através de originais de arte móvel, réplicas de painéis e informação interativa fazendo uso da tecnologia digital e também em visitas organizadas ao vale com guias especializados.
O Museu do Côa integra-se na paisagem, como um complemento à mesma, sendo “um gesto forte e afirmativo, mas também subtil, sensível à topografia e dialogante com a paisagem que o recebe”, como se pode ler no site da Fundação do Côa, lá dentro, todo esse universo de arte e mistério que envolve o Côa.

2744.pt

No Museu os visitantes têm a oportunidade de realizar visitas orientadas a sítios de arte rupestre do Parque Arqueológico do Vale do Côa, como a Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos.

Locais apenas acessíveis por caminhos de terra batida, com visitas feitas em horários onde a luminosidade natural é a ideal de modo a que se possa potenciar ao máximo a sua visualização, sendo que os sítios da Canada do Inferno e da Ribeira de Piscos são visitados apenas durante a manhã. Já os painéis da Penascosa, uma vez que se encontram do lado oposto do rio em relação os restantes lugares, só podem ser visitados de tarde.

2595.pt

Visitar os sítios onde a arte “vive” pode não ser fácil para algumas pessoas, variando o grau de dificuldade entre os três locais, sendo o da Ribeira de Piscos considerado de dificuldade média com um percurso pedestre exigente e longo, com ligeiros desníveis, e no verão as visitas a estes locais podem ser complicadas devido às temperaturas elevadas que a região experiencia nesta altura do ano.

Os visitantes têm também a oportunidade de fazer uma visita noturna ao sitio de arte rupestre da Penascosa, muito semelhante à experiência diurna, com a oportunidade de ver a arte com recurso a luz artificial que proporciona uma iluminação rasante dos motivos gravados.

Esta visita pretende criar as melhores condições possíveis para uma adequada apreciação da beleza desta arte, com a criação de efeitos de luz e sombra que realçam os motivos gravados, fazendo-os emergir da superfície da rocha, dando a oportunidade de salientar alguns motivos em relação a outros, juntando a isto a mística que só o ambiente noturno pode proporcionar!

3351.pt

Seja como for, o Museu do Côa merece ser visitado, não apenas pela viagem ao passado que proporciona, mas até pelo edifício em si, exemplo da arquitetura moderna com respeito pela envolvente.

Toda a região é apelativa para um dia de passeio em família, com paisagens deslumbrantes, por algum motivo a Humanidade se foi abeirando por estes lados, deixando a sua marca!

Fotografia: José Paulo Ruas; João Ramba; Mário Reis
Fonte: www.arte-coa.pt

Do Sanatório para a Cultura

Um Sanatório que passou a Museu. Nasceu para ser visitado e apreciado, guardando no seu interior obras de arte de vários tipos.

Pensado desde a sua fundação para ser um Museu de referencia e conseguiu-o. Hoje falamos do Museu do Caramulo, mandado edificar por Abel e João de Lacerda nos anos cinquenta, baseado nos mais modernos conceitos de museologia.

Abel de Lacerda era um apaixonado pela arte e manda construir um edifício para albergar e expor uma invulgar coleção de objetos de arte constituída por 500 peças das mais diversas expressões, desde a pintura, escultura, mobiliário, cerâmicas e tapeçarias. Já o irmão, João de Lacerda nutria uma forte paixão pelo mundo automóvel, mandando construir junto ao primeiro edifício um espaço vocacionado para a exposição de cerca de 100 automóveis e motos, seguindo o principio de que todos os veículos pudessem sair facilmente para poderem ser exibidos ou conservados.

Este Museu, além da sua intenção óbvia de servir de espaço de exposição, tinha como propósito retirar à região do Caramulo o seu carácter de Sanatório.

Livrando-a do estigma da doença, apesar de aí ter sido mandado edificar pelo pai de ambos, Jerónimo de Lacerda, aquela que era, há altura, a maior estância senatorial, não apenas do País, mas de toda a Península Ibérica e que viu o seu declínio às mãos do progresso da medicina.

Os irmãos João e Abel conseguiram aquilo que tanto desejavam, retirar o estigma da doença à região e fazer com que este espaço fosse uma homenagem à arte nas suas mais diversas formas, hoje quem visita o Museu do Caramulo pode apreciar obras de arte antiga, com peças de arte Egípcia, escultura, cerâmica chinesa ou arte Japonesa, entre outras, poderá, igualmente, apreciar obras de arte moderna ou contemporânea com peças do século XX e XXI assim como artes gráficas. Aliás, este que é um dos mais importantes Museus do país possui algumas obras de artistas de renome como Pablo Picasso, Salvador Dali, Miró, Vieira da Silva e Jean Lurçat.

 

maria viera da silva

Este é um Museu para todos e mesmo os mais novos irão deliciar-se com a exposição de brinquedos lá patente, e que, garantidamente, farão as delicias também dos adultos.

No que toca aos mundo dos motores, os visitantes poderão ver veículos automóveis variados, assim como motociclos ou velocípedes. Da sua coleção fazem parte uma réplica do primeiro automóvel de Karl Benz, um Peugeot de 1899, um Bugatti 35-B (o mais rápido automóvel de competição da época), o Rolls-Royce Phantom III, conhecido por “Carro dos Papas” e ainda o Mercedes Blindado que este ao serviço de Abel Salazar, antigo estadista nacional.

325529_10150319947951188_426782882_o

O Museu do Caramulo está inserido numa paisagem deslumbrante que oferece aos visitantes muitos motivos para visitarem a região. Este Museu já recebeu, desde a sua abertura em 1959, mais de um milhão e meio de visitantes e está aberto praticamente todos os dias, com exceção de alguns feriados como o Natal.

A região do Caramulo já não é vista como um local onde se iam curar as maleitas do corpo, um Sanatório,  hoje é um dos locais de eleição para quem quer curar as maleitas da mente e apagar a sede de cultura.

Museus a custo zero

Quem diz que a cultura não é para todos? Está certo que nem sempre os preços praticados por alguns Museus e Teatros são os mais apelativos à carteira, mas há sempre uma ou outra iniciativa que nos ajuda a ter acesso mais facilitado à cultura, por exemplo na próxima segunda-feira dia 18 de maio, em Seia todos os espaços museológicos municipais são de entrada gratuita!

Segunda-feira é o dia Internacional dos Museus que este ano não estarão fechados neste dia da semana, abrindo as suas portas a todos os sedentos ou curiosos pelo conhecimento. Aproveitemos então para visitar o Museu do Brinquedo e o Museu da Eletricidade em Seia, porque o saber não tem lugar e desta vez não pesa na carteira

O Museu do Brinquedo em Seia reúne uma coletânea de cerca de 8000 brinquedos de Portugal e do Mundo, do passado ao presente, garantindo que não haverá miúdo ou graúdo que não saia de lá cheio de memórias incríveis! Já o Museu da Eletricidade, situado na Senhora do Desterro em S. Romão, nascido da centenária central da Senhora do Desterro, pretende divulgar o património tecnológico, natural, social e cultural que lhe está associado. Deixemo-nos de desculpas e vamos lá adquirir algum conhecimento!

 

Carros que se medem aos palmos em Gouveia

Este fim-de-semana saia da sua rotina e vá até Gouveia.

Se é um aficionado do mundo automóvel, tem a oportunidade perfeita para visitar o Museu da Miniatura Automóvel em Gouveia que, com certeza, irá agradar toda a família, mas aquela fação lá de casa que não gosta de carros.

Recentemente o Museu lançou novas coleções temporárias dedicadas ao Dakar, numa coleção cedida por António Costa e Mário Costa que representa a evolução ao longo dos anos dos veículos que participam nesta que é a mais dura prova de automobilismo de todo o terreno do mundo, ainda para ver a nova exposição temporário dedicada aos Veículos Comerciais, numa coleção emprestada até 2016 ao Museu por José Torres, e na qual os visitantes poderão fazer uma viagem no tempo ficando a conhecer a evolução de alguns veículos utilizados para transporte de pessoas e mercadorias.

O Museu da Miniatura Automóvel é o único do género em Portugal. Aqui os visitantes têm a oportunidade de viajar pelo mundo do automobilismo.

O Museu conta com duas áreas distintas, a área de exposição permanente e a área de exposições temporárias, nas quais os visitantes poderão ficar a conhecer a evolução automóvel nas mais variadas áreas e através da observação dos modelos de diversas marcas.
Não há dúvida que naquele espaço cabe o mundo contado por miniaturas automóveis que surpreendem pela sua qualidade e detalhes. Uma experiência que dá vontade de repetir. O nosso conselho? Vá com tempo e admire as miniaturas, não se irá desiludir.
O Museu da Miniatura Automóvel está situado na Rua Mestre Abel Manta na cidade de Gouveia e está aberto de terça a domingo das 09:00 às 12:30 e das 14:00 às 17:30.

Fotografia: Jorge Estrela