Fui atrás do Outono na Serra
Um dia quente, atendendo o facto de estarmos no final de outubro, um outono de temperaturas primaveris pela Serra da Estrela.
Um fim-de-semana de festas na região, todas elas a celebrarem o outono e os seus frutos. Cheira a outono mas a indumentária engana. Facilmente nos esquecemos que estamos nessa estação do ano até ao momento em que nos cheira a castanhas assadas e nos oferecem uma sopa quentinha do fruto.
Fomos até à aldeia onde vemos o mundo estendido aos nossos pés. Onde o horizonte se alcança do cimo de uma torre de vigia. Em Folgosinho celebra-se o outono numa festa cheia de gente e turistas que por aqui caminham e se deliciam com os sabores da época.
Quis ir procurar o outono e de câmara na mão tentei registar os seus indícios. Poucos. O verde ainda se faz sentir resplendoroso na Serra fruto das chuvas das semanas anteriores que alimentaram os pastos onde encontramos rebanhos de ovelhas a pastarem livremente sempre sobre o olhar atento do pastor e dos seus fieis amigos.
Subimos ainda mais. Embrenhamo-nos pelos caminhos da Serra, que por lados de Folgosinho estão perfeitamente asfaltados. Os visitantes podem facilmente admirar as paisagens mais puras da Estrela sem grandes sobressaltos. Sem terem de recorrer ao uso da potencia de um 4×4 e fomos, então, atrás de um Outono que se vestiu de Primavera.
Seguimos pelas paisagens que nos levam a Casais de Folgosinho. Lá no meio da Serra numa mistura de relevos que nos fazem desapegar o momento e divagar pelos seus socalcos levemente desenhados pela mãe natureza. A luz é de outono. A mudança da hora que augura o Inverno torna o nosso dia mais curto, a luz mais serena, e a paisagem nostálgica.
Parámos num sitio de culto onde o homem procura o conforto da Senhora.
Pelos caminhos até cá os castanheiros e as poucas folhas ocres e douradas de algumas árvores anunciam que ele, o Outono, anda por aqui. Tímido, sereno, à espera de aparecer, ou então de tão tímido que é, nem sequer dar ares da sua graça e assim dar lugar ao cinzento dos dias de Inverno.
Caminhando lentamente o Pastor chega-se a nós. O Pastor de ovelhas, não o de homens. O seu rebanho caminha tranquilo entre o pasto.
O dia começa a despedir-se à medida que o rebanho nos alcança.
E assim o sol se pôs… sereno… como este outono.
Tânia Fernandes
Fotografia: HeartBeat