Viseu aposta na cultura e o Teatro Viriato é o seu farol.
A cultura nas suas mais diversas formas. Para a semana a aposta vai para o corpo e a beleza que podemos extrair dele. A dança na sua ascensão e mística! New Age, New Time, uma mostra de dança contemporânea que durante uma semana vai dar a conhecer, na sua quarta edição, as mais recentes criações coreográficas que marcam a atualidade da dança em Portugal.
Este será mais que um encontro entre coreógrafos e programadores, entre interpretes e público.
Este ciclo convoca o público para a celebração da dança contemporânea.
A par da dança o público terá a oportunidade de assistir à projeção de um vídeo coreográfico pensado pelo coreógrafo Romulus Neagu com edição de Constantin Georgescu que reflete sobre a motricidade do corpo na dança e na natação, num trabalho que explora a potencialidade corporal que existe nos movimentos e diferentes ambientes onde ele se desenvolve.
Complementando este trabalho o público poderá apreciar a instalação de João Dias, com coprodução do Teatro Viriato, que simula um dos objetos do vídeo, uma piscina, na qual são projetadas imagens de movimento que o público pode manipular com as suas próprias mãos.
No dia 21 vá até ao Teatro Viriato e deixe-se deslumbrar, a partir das 21h30 com “A Tecedura do Caos” de Tânia Carvalho, um trabalho que tem como motor a obra de Homero “A Odisseia”.
Neste espetáculo a viagem de Ulisses, a obstinação e a esperança do Herói, a sua frustração e a dor pelo adiado regresso a casa convoca a busca incansável dos doze interpretes pelo movimento. Tentar transpor algo como a “Odisseia” para o território da dança é sinónimo de provação, por isso Tânia Carvalho mantém uma infidelidade crua, mas firme ao texto de Homero, e invoca a sua esfera mais obscura ao mesmo tempo que tenta reagir instintivamente às exigências da dança e do movimento.
A crítica internacional especializada tem-se rendido à coreografia e à capacidade de construção de movimento por parte desta coreógrafa.
No domingo, a partir das 18h00 pode assistir ao espetáculo “Pastiche” de Luiz Antunes e Sérgio Diogo Matias, que neste trabalho revisitam o léxico e os processos criativos de coreógrafos emblemáticos da chamada “nova dança portuguesa”. É uma proposta pertinente e arriscada que resulta de forma positiva num exercício documental que ajuda à construção de uma memória coletiva da escrita coreográfica portuguesa.
“Trovoada” invade o palco no dia 24, às 21h30, com Luís Guerra a articular, nesta nova criação, o seu universo estético com duas composições musicais originais interpretadas ao vivo pela pianista Joana Gama.
Em palco, uma figura algo negra e misteriosa movimenta-se entre sucessivos ambientes sonoros e cortes de luz, que criam a expectativa de que algo, por exemplo da dimensão do “Big Bang”, está prestes a acontecer.
Às 21h30 do dia 26 “Stretto” de Romulus Neagu onde um homem desalinhado tenta percorrer o caminho do silêncio, enquanto o movimento degrada-se, desarticula-se e o sentido perde-se num abstrato inconsequente. Um solo de dança que resulta do encontro entre três artistas de áreas diferentes, Romulus Neagu, João Dias e Ulrich Mitzlaff, que aprofundam pensamentos transversais e partilham, através de um universo performativo e visual intenso, um alinhamento de vivências individuais transformadas num amontoado de sensações físicas e afetivas.
“Pântano” de Miguel Moreira encerra este ciclo às 21h30. Uma clara alusão a um espaço construído por peregrinos, pessoas que resolvem fazer uma profunda reflexão enquanto se deslocam. Ao longo de todo o espetáculo é transmitida uma postura de solidão e sacrífico que emociona mas que também conduz a uma zona de desconforto, despertando a urgência de reflexão sobre qual o lugar que cada um ocupa no mundo.
Os bilhetes para o New Age, New Time custam 5€ por espetáculo e 15€ para quem quiser assistir a todo o programa.