As Sentinelas da Guarda, os nossos Castelos

São as sentinelas da região. Guardaram e defenderam as suas gentes, imponentes e fortes. Testemunhos de batalhas e de histórias. Escondem segredos e lendas. Anciões que hoje nos atraem pela sua mística e beleza.

São castelos, marcas de um passado de glórias, conquistas e algumas derrotas. Marcos incontornáveis deste velho país. Outrora serviam de fortalezas defensivas, residências ou apenas para a função de vigia. Do alto da sua imponente estrutura vigiaram e forjaram a nação.

Hoje continuam imponentes, majestosos, mais silenciosos, é certo, mas continuam a deslumbrar quem os visita, merecendo o nosso respeito e admiração. São mais que monumentos, são parte integrante de uma história que não pode desaparecer.

Portugal é rico em Castelos, marcos da civilização que nos fazem repensar a nossa condição de Portugueses quando os visitamos. Na Guarda existem 19, uns maiores que outros, mas todos importantes, todos cheios de histórias e lendas para contar.

 

Fortaleza de Almeida

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Esta é uma das mais imponentes fortificações nacionais, bela e especial pela sua construção que, ainda hoje, atrai centenas de historiadores, militares ou arquitetos.

Foi sendo alvo de alterações ao longo da história pela sua posição estratégica de defesa da nação. Palco de batalhas lendárias, hoje é considerada uma joia da arquitetura militar no nosso país e um reduto quase inexpugnável. Todos os anos é recriada a Batalha Histórica frente às tropas de Napoleão, uma encenação que prima pela correção histórica e que permite, a quem visitar Almeida nestes dias, ter uma ideia quase exata do que se passou naquele fatídico período histórico da nação.

Almeida é uma Vila do Distrito da Guarda que deslumbra quem a visita, seja em que altura do ano for.

 

Castelo de Castelo Rodrigo

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Esta pequena aldeia, perto de Figueira de Castelo Rodrigo, é um dos tesouros da região. Provavelmente uma das mais belas aldeias do país. De cor dourada e pequenos recantos que deslumbram os visitantes.

O seu Castelo é o mais importante monumento da arquitetura militar do concelho, tendo sido alvo de várias remodelações ao longo do tempo.

D. Dinis, quando ordenou que fossem renovados os castelos da região, fez erigir um forte castelo, com altosa torre de menagem, quadrangular, com seis janelas e sacadas e uma poderosa cinta de muralhas apoiada em torreões semicirculares, bem como três portas.

A par do seu castelo, esta aldeia merece ser visitada pela sua beleza. Na Primavera enche-se de flores e a paisagem é de perder de vista.

 

Castelo de Sortelha

castelo sortelha

Do alto da sua majestade, vigia o reino com bravura. Continua a ser sentinela, e ninguém lhe é indiferente. Enche os visitantes de uma mística indescritível. Sendo uma das mais belas aldeias históricas deste país. Este Castelo não pode ser dissociado da restante aldeia, todos os edifícios formam um conjunto único e que vale a pena visitar.

O castelo medieval terá sido construído em 1228, já com D. Sancho II, que também concedeu foral à vila, as muralhas de protecção da povoação, terão sido erguidas no reinado de D. Dinis e mais tarde melhoradas por D. Fernando. Por volta de 1500, o rei D. Manuel I, também fez obras no castelo, de que ainda hoje são testemunho as suas armas, colocadas na entrada.

Este é um Castelo que nos atrai com uma mística muito especial e quem a ele sobe não fica indiferente à beleza da paisagem circundante. Palco de batalhas pela defesa da região, hoje este Castelo parece descansado, deslumbrado com a paisagem que se estende aos seus pés.

Todos os anos, no Verão, tem aqui lugar uma das mais bonitas Feiras Medievais da região.

 

 Castelo de Trancoso

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Na cidade de Trancoso encontramos o seu Castelo. Sem origem bem definida, sabe-se que é muito antigo, talvez anterior à própria nação.

Foi em Trancoso que D. Dinis se casou com D. Isabel de Aragão, em 1282, sendo também, este rei, responsável pela ampliação da cerca da vila, de que são exemplo as monumentais portas.

A utilização militar deste castelo ainda se manteve até ao período das invasões francesas, mas depois foi perdendo importância, escapou, todavia, à falta de visão dos poderes públicos, que durante o século XIX, permitiram a demolição de parte das muralhas da vila e a construção de habitações adoçadas a elas.  A estrutura defensiva da Cidade de Trancoso, que restou dessa delapidação, está classificada como Monumento Nacional, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais recuperou algumas partes das muralhas que tinham sido destruídas e foram demolidas algumas habitações encostadas às muralhas.

Apesar das vicissitudes do tempo, mantem-se imponente e digno de visita e contemplação.

 

Castelo do Sabugal

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Quem o vê ao cair da noite não lhe fica indiferente. Este Castelo viu o tempo construir e destruir as suas muralha, tendo sido castigado pela ignorância das pessoas que o foram pilhando, tendo sido utilizado, inclusive, como cemitério. Em meados do século passado a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, deu início à sua recuperação, com campanhas de trabalhos que se prolongaram até ao final do século.

Hoje vê recuperada a sua dignidade e é um dos grandes orgulhos dos habitantes do Sabugal.

 

Castelo de Linhares da Beira

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Linhares da Beira é uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal, rica em património e beleza, é um belo exemplo daquilo que uma aldeia serrana é: discreta e misteriosa. No alto da aldeia é impossível ficar indiferente ao seu Castelo que coroa a aldeia com majestade.

Foi palco de batalhas de algumas guerras, como no reinado de D. Fernando, em que as forças de Castela o tomaram, para ser reconquistado pelo Mestre de Avis, por volta de 1384, vindo a sua guarnição a participar, no ano seguinte, na batalha de Trancoso.   O que resta dos efeitos da deterioração ao longo dos anos, está classificado como Monumento Nacional. Tem sido objecto de intervenções, para consolidação e restauro das estruturas de que ainda subsistem parte das muralhas e duas torres.

 

Castelo de Celorico da Beira

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Em Celorico da Beira encontramos um Castelo cuja história das suas fundações remonta à pré-história. Situado num maciço granítico cobre o rio Mondego, a sua ocupação termina com a Reconquista Cristã da Península Ibérica, por alturas do reinado do primeiro Rei de Portugal.

Ignorando a história vivida por estas pedras, foi a própria Câmara Municipal, que ao longo do século XIX, demoliu parte das muralhas e vendeu a pedra. Classificado como Monumento Nacional, teve obras de conservação e restauro ao longo do século XX, mantendo-se actualmente a chamada Torre do Relógio e parte das muralhas do castelo.

Volta, agora, a ser um dos ex-libris de Celorico da Beira, valendo a pena ser visitado.

 

Castelo de Marialva

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Perto de Mêda, Marialva é outra das 12 Aldeias Históricas de Portugal. Uma aldeia que merece ser visitada pela sua beleza singela. O seu Castelo teve diversas intervenções na sua estrutura, nomeadamente no reinado de D. Manuel I e de D. Sebastião, cuja intervenção é atestada por uma inscrição na muralha, referindo a data de 1559. Com o atentado a D. José I, em 1758, e a acusação do marquês de Távora, que nessa altura era alcaide de Marialva, a fortificação foi abandonada, deixando de haver habitantes dentro dos muros da povoação.

Classificado como Monumento Nacional, beneficiou de obras de recuperação e beneficiação a cargo do IPPC. Neste conjunto histórico para além do castelo com a Torre de Menagem, inclui-se o pelourinho, a cisterna, a alcáçova e duas igrejas.

 

Castelo de Folgosinho

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Folgosinho é, provavelmente, uma das aldeias mais conhecidas da Serra da Estrela. Uma típica aldeia beirã, do concelho de Gouveia, cujo Castelo compunha um triângulo defensivo no vale do Rio Mondego, juntamente com o de Linhares e o Castelo de Celorico da Beira.

As suas origens são difusas e envoltas em muitas lendas que envolvem Viriato ou D. Afonso Henriques. Sabe-se que a primitiva ocupação humana dos sítios do castelo e da povoação remonta a dois castros pré-romanos.

Do alto dos seus 933 metros de altura, permitindo aos visitantes deslumbrarem-se com uma paisagem que não tem fim, este pequeno castelo é um diminuto recinto circular, construído com pedra de quartzo branco-rosado, que lhe confere uma beleza única.

 

Castelo da Guarda

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A capital de distrito possui restos de um castelo mandado construir por D. Sancho I, tendo sido melhorado nos reinados seguintes com a construção da Torre de Menagem, que hoje pode ser visitada, e de novos troços de muralhas. Grande parte destas construções foi destruída para que a cidade pudesse crescer, restando apenas alguns troços das mesmas, existindo ainda vestígios de portas e três torres: a dos Ferreiros, Torre Velha e a Torre de Menagem.

Quem visitar a Guarda pode passear pelo seu centro histórico e apreciar alguns monumentos. A Torre de Menagem continua imponente, agora melhorada com algumas intervenções. No seu topo pode ter uma vista privilegiada pela paisagem circundante à cidade.

 

Castelo de Numão

castelo numao

Com uma história quase perdida no tempo este Castelo, em Numão, Vila Nova de Foz Côa, viu-se melhorado nos reinados de D. Afonso Henriques e D. Sancho I. Abandonado depois pelas populações, o tempo tomou conta dele e a destruição tomou conta deste Castelo, chegando ao século passado com torreões em muito mau estado e no interior um amontoado de pedras. Foi classificado como Monumento Nacional e foram feitos trabalho de consolidação e reconstrução de muralhas, tendo sido desentulhada a cisterna e recuperada a Torre de Menagem.

 

Castelo de Castelo Melhor

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Também no concelho de Vila Nova de Foz Côa podemos encontrar na aldeia de Castelo Melhor, mais uma sentinela de tempos idos da história beirã. Edificado de modo a proteger o alto de um monte que era habitado há muito.

Palco de batalhas, acabou por ser votado ao abandono nos séculos que se seguiram à guerra da Restauração em 1640. Pode ser visitado e encontra-se hoje, em bom estado de conservação.

 

Castelo de Pinhel

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Este é o ex-libris da cidade Falcão. O Castelo de Pinhel nasceu com a nação tendo sido, posteriormente, ampliado por D. Dinis com uma cerca a envolver a vila e passou a ter seis torres.

Foi ocupado pelas tropas de Napoleão. Desde o final do século passado que tem vindo a ser recuperado. Salientam-se neste castelo as torres erguidas na praça de armas, uma delas a Torre de Menagem, e também a existência de três cisternas.

Todos os anos, no verão, é feita uma das maiores Feiras Medievais da região que atrai milhares de pessoas a Pinhel.

 

Castelo de Castelo Mendo

castelo mendo

No concelho de Almeida existe uma pequena aldeia cujo castelo lhe dá nome. Em Castelo Mendo encontramos as ruinas de um castelo cujas vistas alcançam Espanha.

Integra dois núcleos urbanos, destacando-se o recinto do castelo na zona mais elevada. É um castelo românico e gótico com cinturas são de traçado ovalado e irregular e com demarcação da cidadela no primeiro recinto defensivo. A Torre de Menagem é de planta rectangular. Com a reforma liberal, extingue-se o concelho e inicia-se um processo de degradação progressiva.

Também aqui, na primavera, se organiza uma grande Feira Medieval que atrai milhares de pessoas da região. Uma ótima altura para ficarmos a conhecer algumas das tradições da Beira medieval.

 

Castelo de Longroiva

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No concelho de Mêda encontramos Longroiva e o seu Castelo. Esta região é ocupada desde a pré-história tendo nela se fixado vários povos, desde os romanos aos visigodos e os árabes.

A história não foi meiga com este Castelo tendo sido abandonado, as suas pedras servido como fornecimento para a construção e o seu interior foi transformado em cemitério.

O que resta do castelo, está classificado como Monumento Nacional, os trabalhos de conservação permitiram que ainda subsistam partes das muralhas e a Torre de Menagem que terá sido uma das primeiras a ser edificada em Portugal.

 

Castelo de Ranhados

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Em Ranhados, ainda no concelho de Mêda, há outro castelo. Consta que foi mandado erigir por D. Dinis, mas não há certezas quanto a esse facto, havendo quem defenda que a sua construção é muito anterior. Pouco se sabe acerca deste Castelo, tendo sido votado ao abandono pela história.

Classificado como Imóvel de Interesse Público, não teve, apesar disso, grandes benefícios, já que as obras nas muralhas tiveram em vista proteger o cemitério e não respeitaram as antigas estruturas.

 

Castelo de Alfaiates

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No Sabugal, em Alfaiates, ainda é possível ver os restos do seu Castelo, cuja origem remonta aos finais do século XII. D. Maria de Portugal, filha de D. Afonso IV, terá casado com Afonso XI de Castela aqui.

No reinado de D. Manuel I, é iniciada a construção de novas defesas, já prevendo o uso de artilharia, que não chegou a ser concluída. Na época das invasões francesas, este castelo ainda serviu de aquartelamento às tropas portuguesas e inglesas.

O tempo passou e este Castelo, como outros, passou a ser utilizado como cemitério. As muralhas da vila foram demolidas e as suas pedras usadas na construção do hospital. É ainda possível ver as ruinas das muralhas e de duas torres.

 

Castelo de Vila do Touro

vila touro

No Sabugal há, ainda, um outro castelo, ou o que resta dele, em Vila do Touro, que pertenceu à Ordem do Tempo, até à sua extinção em 1319. O tempo tomou conta da ruina deste espaço e hoje resta uma porta em arco gótico e alguns vestígios de troços das muralhas.

 

Castelo de Vilar Maior

castelo vilar maior

O concelho do Sabugal é rico em património. Em Vilar Maior encontramos outro Castelo, talvez de origem árabe, talvez de origem romana, não se sabe ao certo. As primeiras referencias a ele datam do século XI, na posse do reino de Leão, na sequência da Reconquista Cristã da Península Ibérica.

O Castelo de Vilar Maior foi saqueado pelas tropas de Napoleão o que acelerou a sua degradação, restando apenas a Torre de Menagem.

Estes são locais que merecem o nosso respeito.

Enquanto portugueses a nossa identidade foi defendida por eles. São sentinelas, defesas da história de uma nação. Parte integrante da nossa memória e da nossa alma. Não merecem que a vida os deixe ao abandono, perdidos nas suas próprias memórias como outrora aconteceu. Visite os nossos castelos, devolvendo-lhes um pouco da vida que os fundou. São mais do que património. São Castelos, os nossos Castelos.

 

Fotografia: Guiadacidade.pt, Aldeias Históricas de Portugal, Manuel Ferreira

Fonte: Guia da Cidade

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